Um grupo de vírus de quase 50 mil anos encontrado na Sibéria foi reativado a partir do derretimento do permafrost — camada congelada do solo. A ação foi conduzida por pesquisadores da Universidade de Aix-Marselha, na França, com o objetivo de estudar antigos microrganismos que podem “voltar à vida” em caso de escaparem de seus confinamentos gelados, por conta de efeitos do aquecimento global.
Isso porque o descongelamento do permafrost tem o potencial de liberar antigos vírus e bactérias adormecidos, que podem sobreviver congelados em regiões polares. No caso, os cientistas identificaram 7 novos vírus, sendo que o mais novo deles ficou no gelo por 27 mil anos, enquanto o mais velho ficou congelado por 48.500 anos — idade que o classificou como o mais antigo do tipo já ressuscitado.
O derretimento de camadas congeladas do solo pode trazer à tona antigos vírus perigosos para a saúde humanaFonte: Fonte: NASA/Reprodução
A descoberta segue um trabalho iniciado pela equipe em 2014, o qual reviveu 2 vírus de 30 mil anos. Após o fim da hibernação no ambiente natural, as 9 amostras no total conseguiram se replicar em laboratório. Isso comprovou que os vírus estão vivos e são capazes de infectar células de organismos mais simples, como as amebas.
Embora os vírus encontrados não coloquem em risco a saúde de plantas e animais, incluindo pessoas, os cientistas não descartam a chegada de um tipo mais perigoso. Eles alertam que outros vírus adormecidos em diferentes solos antigos também devem sobreviver por eras, e chegar à superfície a partir do derretimento do permafrost pela mudança climática.
Além disso, esse solo é rico em minerais, o que pode despertar o interesse de indústrias em ir para a região explorar recursos, como ouro e diamante. Logo, existe a possibilidade de antigos vírus não tão inofensivos despertarem e que, em contato com humanos, podem causar doenças ou até mesmo epidemias ainda não conhecidas.
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