De acordo com pesquisadores da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, os tatus podem esconder o segredo para a regeneração do fígado. Os cientistas descobriram que, quando o animal é infectado pela bactéria que causa a hanseníase nas pessoas, seu fígado começa a se regenerar significativamente — agora, eles querem entender se isso pode ser aplicado em pessoas.
Apesar de o fígado humano se regenerar em algumas condições, os pesquisadores ainda não entendem como é possível desencadear a regeneração em pessoas com doenças mais graves, como cirrose. A descoberta sobre a relação entre a hanseníase e a regeneração do órgão aconteceu há cerca de dez anos, por uma pesquisa do biólogo regenerador Anura Rambukkana, da Universidade de Edimburgo.
Na época, o cientista realizou uma pesquisa em células de camundongos, sem um animal vivo — normalmente, a bactéria não cresce bem em camundongos e outros animais. Felizmente, Rambukkana lembrou que existia uma criação de tatus-galinha com hanseníase em Louisiana, nos Estados Unidos, de onde ele retirou as amostras para o novo estudo, publicado recentemente na Cell Reports Medicine.
Após entrar em contato com a instalação que criava os tatus, ele questionou se havia algo incomum nos órgãos dos animais com a doença. Assim, ele percebeu um crescimento significativo do fígado — eles eram um terço maiores que em tatus não infectados.
Dissecar o fígado dos tatus infectados pode ajudar a esclarecer mais sobre o processo de crescimento.Fonte: Shutterstock
Hanseníase e Fígado
Além do crescimento, os fígados também apresentaram manter uma anatomia comum. Para entender melhor, os cientistas mediram a atividade genética de animais infectados e não infectados e, segundo as análises, a atividade do gene é semelhante ao padrão de um fígado em formação de um feto humano.
De qualquer forma, os cientistas ainda precisam estudar melhor o caso para entender como seria possível induzir esse mecanismo no corpo humano. Inclusive, o ponto principal é entender como usar a bactéria da hanseníase para ajudar as pessoas, já que se trata de uma doença infecciosa.
"No geral, os resultados podem abrir caminho para novas abordagens terapêuticas para o tratamento de doenças hepáticas, como a cirrose. No entanto, como a pesquisa foi feita usando tatus como animais modelo, não está claro se e como esses resultados promissores podem se traduzir na biologia do fígado humano”, disse Darius Widera, da Universidade de Reading, que não participou da pesquisa, à BBC.
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