Atividade física protege cérebro de substâncias perigosas, mostra estudo

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Um projeto temático conduzido desde junho de 2019 por pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP) já recebeu seis premiações nacionais e internacionais ao propor uma solução conhecida e simplória para o controle da hipertensão arterial: o exercício físico.

O reconhecimento da comunidade científica não é, no entanto, pela solução lógica, mas sim como isso ocorre. Em indivíduos hipertensos ou portadores de insuficiências cardíacas, dizem os cientistas, o treinamento aeróbico consegue melhorar o fluxo sanguíneo, ao prevenir danos à chamada barreira hematoencefálica.

A barreira hematoencefálica (BHE) é uma estrutura que inibe a passagem de substâncias do sangue para o sistema nervoso central, impedindo a entrada nesse local – que se isola imunologicamente do resto do organismo – de substâncias tóxicas, anticorpos, hormônios plasmáticos e fatores de coagulação. Quando em excesso, algumas dessas substâncias podem levar à disfunção autônoma e ao desequilíbrio da circulação sanguínea.

Barreira hematoencefálica e atividade física

Fonte: Shutterstock/Reprodução.Fonte: Shutterstock/Reprodução.Fonte:  Shutterstock 

A BHE é composta por células endoteliais que ficam alinhadas com o capilar cerebral, que é formado pelo endotélio e uma fina membrana basal. Essa barreira possui junções oclusivas com uma baixa permeabilidade que regula a passagem para o tecido nervoso, tanto de substâncias úteis para os neurônios como medicamentos e partículas tóxicas.

De acordo com a coordenadora do Laboratório de Fisiologia Cardiovascular da USP, Lisete Compagno Michelini, nos indivíduos normais, essa passagem de macromoléculas, "através de vesículas sanguíneas, é bastante limitada". Mas, em hipertensos e portadores de insuficiência cardíaca, ocorre um aumento dessas vesículas em áreas autonômicas. Isso faz com que a BHE se torne mais permeável.  

"Por outro lado, observamos que o treinamento aeróbico reduziu em muito a formação dessas vesículas, além de normalizar a permeabilidade da barreira hematoencefálica”, explica Michelini em comunicado. Essas descobertas do projeto temático – que tem vigência até maio de 2024 – evidenciam a importância do treinamento físico para a melhora do controle neural da circulação. Isso significa menos remédios e menos efeitos colaterais.

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