Mindfulness pode ser tão eficaz para tratar ansiedade quanto antidepressivo

Um estudo publicado no dia 9 de novembro na revista científica JAMA Psychiatry, comparou pela primeira vez os resultados de uma redução do estresse baseada em mindfulness (MBSR na sigla em inglês) com um medicamento antidepressivo, o escitalopram, no tratamento dos sintomas de ansiedade.

Embora estudos anteriores sugiram que o mindfulness – chamado no Brasil de “atenção plena” – pode reduzir sintomas de ansiedade, depressão e sofrimento psicológico, nenhuma pesquisa empírica havia ainda comparado os efeitos do programa científico e laico com os do medicamento inibidor seletivo da recaptação de serotonina.

Para comprovar suas hipóteses, um grupo de cientistas da Universidade de Georgetown, em Washington nos EUA, recrutou 276 participantes com transtorno de ansiedade, entre junho de 2018 e fevereiro de 2020, para conduzir um ensaio clínico randomizado.

Fonte: Hoge et al./DivulgaçãoFonte:  Hoge et al. 

Como foram avaliados os efeitos do mindfulness e do escitalopram?

Ao final das oito semanas do estudo, que coincidiu com o tempo da MBSR guiada feita por 102 participantes e com o final do tratamento clínico prescrito aos demais 106, a equipe de pesquisa reavaliou cada um deles. Ambos os grupos tiveram redução aproximada de 30% na gravidade dos sintomas.

Dessa forma, os autores sugerem que a MBSR é uma opção de tratamento com eficácia semelhante à do escitalopram. Porém, não se sabe ainda por que isso ocorre. Pode ser que o mindfulness “ajude as pessoas verem os pensamentos apenas como pensamentos e a não se identificar demais com eles ou serem sobrecarregadas por eles”, disse a principal autora do estudo Elizabeth Hoge ao Medical News Today.

Embora a atual pesquisa apoie o mindfulness como opção eficaz de tratamento, é preciso ter em mente que, quando a ansiedade é grave a ponto de interferir no funcionamento diário da vida do indivíduo, ela passa a ser um transtorno de ansiedade. Portanto, uma migração para MBSR deve ser previamente discutida com um profissional de saúde.

ARTIGO - JAMA Psychiatry - DOI: 10.1001/jamapsychiatry.2022.3679.