Em um estudo publicado na última semana na revista científica Nature, cientistas da .NeuroRestore, na Suíça, conseguiram demonstrar a eficácia de um implante de estimulação elétrica peridural em pacientes que ficaram paralisados por lesões da medula espinhal. A estimulação foi direcionada à área responsável pelo controle do movimento das pernas, causando efeitos positivos em alguns participantes.
Ao todo, os cientistas conseguiram usar a técnica para ajudar a recuperar alguns movimentos de nove pacientes, que apresentaram funções motoras melhoradas mesmo após o fim da estimulação do implante — o tratamento causou um processo de neurorreabilitação em que as fibras nervosas usadas para caminhadas foram capazes de se reorganizar.
Segundo os cientistas, o estudo ajuda a entender melhor sobre a reorganização neuronal, que é muito importante para o desenvolvimento de melhores tratamentos para pacientes paralisados. Inclusive, os pesquisadores querem conseguir manipular esses neurônios para conseguir realizar uma regeneração da medula espinhal.
Pacientes que receberam o tratamento criado pelo grupo do .NeurorestoreFonte: Reprodução/EPFL
“Nosso novo estudo, no qual nove pacientes de ensaios clínicos conseguiram recuperar algum grau de função motora graças aos nossos implantes, está nos dando informações valiosas sobre o processo de reorganização dos neurônios da medula espinhal”, disse a neurocirurgiã do Hospital Universitário de Lausanne (CHUV) e professora da Escola Politécnica Federal de Lausana (EPFL), na Suíça, Jocelyne Bloch.
Recuperação da função motora
O estudo também sugere que a estimulação elétrica auxilia na ativação dos neurônios do gene Vsx2, responsáveis por auxiliar no processo de reorganização neuronal - assim, os estudiosos podem usar desse processo para ajudar na recuperação de alguns movimentos.
Ilustrações e fotografias mostrando o processo de estímulo elétrico nos pacientes; a professora Stéphanie Lacour, da EPFL, foi a responsável por ajudar na adaptação dos implantesFonte: Reprodução/Nature
Inicialmente, os pesquisadores usaram camundongos para entender a recuperação das funções motoras com ajuda do estímulo elétrico. A partir daí, a equipe desenvolveu uma tecnologia molecular 3D da medula espinhal para realizar uma observação altamente precisa do processo de recuperação.