Segundo um artigo publicado na revista científica Computers and Electronics in Agriculture, cientistas da Universidade de São Paulo (USP) conseguiram desenvolver um método com inteligência artificial (IA) para selecionar grãos de café especiais e tradicionais. Os pesquisadores brasileiros são do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) e da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP.
O novo mecanismo usa a técnica de imagens multiespectrais (MSI), baseada em reflectância e autofluorescência, e machine learning para separar os grãos durante o processo produtivo — o processo é em tempo real e dispensa a torra. Eles usam a inteligência artificial para analisar um conjunto de imagens da mesma região em diferentes comprimentos de onda e, assim, conseguem classificar os grãos.
Segundo o primeiro autor do estudo e doutorando no Cena, Winston Pinheiro Claro Gomes, a adoção da nova técnica para classificar grãos ainda é muito recente na indústria cafeeira. Contudo, ela costuma ser usada em mapeamentos de nitrogênio nas plantações e em detecções de necroses, pragas e doenças que podem afetar o café durante o cultivo.
O estudo utilizou 16 amostras de grãos de cafés verdes, especiais e tradicionais, colhidos em Minas Gerais e em São Paulo.Fonte: Unsplash
Separação inteligente de grãos
“Primeiro, foram capturadas imagens de reflexão monocromática [reflectância]. A seguir, foram capturadas imagens de autofluorescência. Então, extraímos as informações referentes às regiões de interesse no software do equipamento, que foram utilizadas para a construção dos modelos matemáticos que classificaram as amostras e nos forneceram o resultado”, disse Gomes ao site Pesquisa para Inovação, ligado à FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
Normalmente, o processo de separação de grãos de cafés especiais exige três verificações: uma amostra do café cru; outra amostra do café torrado; e um teste sensorial por meio de degustação. Segundo a Speciality Coffee Association of America (SCAA), a qualidade do café varia de 0 a 100 pontos, contudo, o novo método ainda não consegue detalhar precisamente a pontuação dos grãos.