Pesquisadores da University College London (UCL), Inglaterra, publicaram na revista Science, um estudo pioneiro sobre o tratamento de crises epiléticas, que pode se tornar também tratamento para outros distúrbios neurológicos.
A epilepsia é caracterizada por uma alteração na forma como os neurônios se comunicam. Células de uma determinada região do cérebro se tornam superexcitáveis, e causam verdadeiras tempestades elétricas.
Imagine uma micro tempestade acontecendo em seu cérebro. Esse é um fenômeno próximo a uma crise epiléticaFonte: Pixabay/Pexels
Essa superativação pode causar desmaios, convulsões e perda cognitiva se não for manejada da forma correta. Mas há alguns desafios no tratamento.
A medicalização nesses casos é de difícil controle, e pode trazer efeitos colaterais indesejados, já que as terapias atuais, sejam convencionais ou genéticas, atuam em todas as áreas do cérebro.
Mas a nova terapia, proposta pelos pesquisadores da UCL, consegue selecionar apenas as células superativadas, poupando as com funcionamento normal.
Nos testes realizados em camundongos com epilepsia, a nova terapia genética se mostrou eficaz em 80% dos casos, diminuindo de forma espontânea, as crises convulsivas.
O método consiste em promover um receptor que atua nos canais de potássio das células em crise, inibindo a super ativação, e consequentemente, diminuindo e controlando as crises.
Além de camundongos, os pesquisadores também realizaram testes em células-tronco, de origem epitelial, cultivadas para o estudo, que simulam miniestruturas cerebrais.Fonte: Pixabay/Pexels
Com os resultados positivos, a equipe já prevê outros usos para a nova técnica, que pode revolucionar a forma de tratamento, não apenas da epilepsia, mas também de outros distúrbios neurológicos.
"É importante ressaltar que, em princípio, poderia ser estendido a muitos outros distúrbios, como doença de Parkinson, esquizofrenia e distúrbios da dor, onde alguns circuitos cerebrais são hiperativos”, diz Dimitri Kullmann, professor do Instituto de Neurologia da UCL.
Além disso, os dados apontam para uma terapia com menos efeitos colaterais, uma vez que os receptores atuam apenas nas células que apresentam comportamento hiperativado.