Na última quinta-feira (20), um novo estudo publicado na revista científica Nature afirma que cientistas encontraram variantes do DNA humano que podem ser responsáveis por causar a dislexia. O estudo é considerado o maior de associação de genoma (GWAS) e, ao todo, foram encontrados 42 locais independentes no genoma associados ao transtorno genético.
Os cientistas realizaram análises e perceberam que o transtorno é predominantemente hereditário, afetando até 70% das pessoas com familiares que possuem dislexia. Eles usaram dados de mais de 51 mil adultos diagnosticados com o distúrbio e, assim, testaram as associações de variantes genéticas para descobrir o resultado: as 42 variantes que podem ser responsáveis pelo problema.
Do total, quinze genes estavam associados à capacidade cognitiva e de aprendizagem dos participantes, enquanto outros estavam ligados ao atraso da linguagem. Ainda segundo o estudo, 27 dos 42 locais encontrados pelos cientistas, provavelmente, são novos e mais específicos em relação à dislexia.
A dislexia é um disturbio que afeta a leitura e pode gerar dificuldades de aprendizado (Getty Images)
A pesquisa foi realizada por pesquisadores da Universidade de Edimburgo (Escócia), do Max Planck Institute for Psycholinguistics (Holanda), do QIMR Berghofer Medical Research Institute (Austrália) e da empresa norte-americana 23andMe.
Dislexia e genética
“Nossas descobertas mostram que diferenças genéticas comuns têm efeitos muito semelhantes em meninos e meninas, e que existe uma ligação genética entre dislexia e ambidestria. Trabalhos anteriores sugeriram que algumas estruturas cerebrais podem ser alteradas em pessoas com dislexia, mas não encontramos evidências de que os genes expliquem isso”, disse a autora do estudo e PhD da Universidade de Edimburgo, Michelle Luciano.
Foram validados 23 locais genômicos, incluindo dados de pessoas que nasceram na China ou na Europa. Os dados permitiram que eles descobrissem que a dislexia se manifesta igualmente em homens e mulheres.
A partir das informações da pesquisa, os cientistas afirmam que conseguiram prever habilidades de leitura e ortografia em crianças e adultos a partir de quatro conjuntos de dados, contudo, ainda não há a precisão necessária para realizar diagnósticos. Eles acreditam que mais estudos podem ajudar a desenvolver uma base de informações sobre o assunto e, assim, criar um tipo de detecção e tratamento para crianças com dislexia.
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