Segundo um novo estudo publicado por pesquisadores da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, foi identificado um misterioso movimento de torção nas órbitas de dois buracos negros em colisão, nomeado de precessão. Até então, o fenômeno havia sido previsto apenas por Einstein em sua teoria da gravidade.
O estudo publicado na revista científica Nature revela a primeira observação do efeito em buracos negros, que são dez bilhões de vezes mais rápidos. Os cientistas encontraram o sistema binário de buracos negros em 2020, por meio de ondas gravitacionais captadas pelos detectores Advanced LIGO e Virgo — eles nomearam a detecção de GW200129.
Além de visualizarem o efeito previsto por Einstein, um dos buracos negros observado é cerca de 40 vezes maiores que o nosso Sol e, provavelmente, é o mais rápido encontrado por meio das ondas gravitacionais. Inclusive, sua grandeza foi responsável por distorcer o espaço e tempo de tal forma, que a órbita do sistema começou a oscilar para frente e para trás.
“Sempre pensamos que os buracos negros binários podem fazer isso. Esperamos encontrar um exemplo desde as primeiras detecções de ondas gravitacionais. Tivemos que esperar cinco anos e mais de 80 detecções separadas, mas finalmente temos uma”, disse o professor do Gravity Exploration Institute da Universidade de Cardiff, Mark Hannam.
Originalmente, as ondas gravitacionais foram previstas por Einstein em 1919, mas foram detectadas pela primeira vez em 2015, durante a observação da fusão de dois buracos negros.Fonte: Shutterstock
Precessão em buracos negros
Para exemplificar, a precessão da órbita seria a oscilação de um pião girando, contudo, na relatividade geral de Einstein, a precessão é um efeito quase imperceptível de tão fraco. Felizmente, a observação realizada em 2020 afirma que o efeito foi cerca de dez bilhões de vez mais forte que o normal — a última observação semelhante mostrou que a precessão levou mais de 75 anos para começar.
Segundo o pesquisador da Universidade de Cardiff, Jonathan Thompson, o efeito não é tão simples de identificar, já que as ondas gravitacionais são fracas e, para detectá-las, é necessário usar o "aparelho de medição mais sensível da história". Por isso, eles precisaram realizar uma análise muito cuidadosa.
Em 2023, será realizada uma nova busca da rede internacional de detectores de ondas gravitacionais e, assim, será possível entender melhor se a novidade é uma exceção rara ou se o sinal está espalhado em nosso universo.
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