Um novo tratamento, chamado lecanemab, diminuiu a taxa de declínio cognitivo para pessoas com Alzheimer em 27% em um ensaio clínico. O comunicado foi divulgado pela farmacêutica Eisai, de Tóquio, que desenvolveu o novo tratamento em parceria com a empresa de biotecnologia Biogen em Cambridge, Massachusetts (EUA).
O produto é um anticorpo monoclonal, projetado para limpar aglomerados da proteína beta-amiloide do cérebro – que muitos pensam ser a raiz da doença de Alzheimer. A teoria, conhecida como "hipótese amiloide", sustenta que essa proteína se acumula em depósitos tóxicos à medida que a doença progride, causando demência.
Parte da comunidade científica e médica, no entanto, permanece hesitante. Segundo eles, são necessários mais dados além do que o comunicado apresenta. Se os resultados se confirmarem, o tratamento será o primeiro do tipo a mostrar um forte sinal de benefício cognitivo em um estudo robusto.
Os resultados são “bastante promissores”, segundo Caleb Alexander, especialista em epidemiologia da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg e membro do comitê consultivo da Food and Drug Administration (FDA) dos EUA (agência do país similar à ANVISA).
O Alzheimer é o tipo de demência mais comumFonte: Getty Images
O especialista ressaltou que, embora os resultados indiquem que o lecanemab fornece algum benefício clínico, no entanto, "o grau em que o faz é pequeno".
Isso, porque a proteína amiloide está “associada ao problema, mas não é 'o' problema”, segundo George Perry, neurobiólogo da Universidade do Texas, que é cético em relação ao progresso obtido pela empresa.
Porém, para as dezenas de milhões de pacientes que convivem com Alzheimer, mesmo um benefício modesto pode ser significativo. "Estes são os resultados mais encorajadores em ensaios clínicos que tratam as causas subjacentes da doença de Alzheimer até o momento", afirmou um comunicado da Alzheimer's Association.
Em 2021, a FDA aprovou controversamente o aducanumab – sem um sinal claro de benefício cognitivo –, outro anticorpo monoclonal desenvolvido pela Biogen, para tratar a doença de Alzheimer.
Já o lecanemab, conhecido pelo nome comercial Clarity AD, funcionou ininterruptamente por 18 meses completos e retardou o declínio em uma extensão estatisticamente significativa. Os resultados divulgados descrevem um estudo com quase 1.800 pessoas com Alzheimer em estágio inicial, de mais de uma dúzia de países.
Os pacientes receberam infusões intravenosas de lecanemab ou placebo a cada duas semanas durante o estudo e o tratamento diminuiu a amiloide no cérebro das pessoas em uma “diferença muito pequena e quase imperceptível em relação ao placebo”, segundo Rob Howard, psiquiatra da University College London.
A FDA espera anunciar sua decisão sobre o lecanemab em 6 de janeiro.
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