Quem está acostumado a voar com regularidade já conhece a “ladainha” das comissárias e comissários de bordo, explicando as rotinas a serem seguidas pelos passageiros após o fechamento da porta principal. Entre elas, cada uma com sua lógica própria, está a de colocar os celulares no modo “avião” durante o voo.
O entendimento mais ou menos generalizado é de que, se não desligarmos os nossos celulares quando o avião sobrevoa o raio de alcance de uma torre, o dispositivo tentará se conectar com ela. Com as inúmeras tentativas de muitos passageiros, a soma desses sinais poderia supostamente causar algum tipo de interferência nos sistemas de navegação da aeronave.
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O celular interfere nos instrumentos de voo?
De acordo com Doug Drury, professor de aviação na Universidade Central de Queensland (CQUniversity), em texto escrito para o site The Conversation, um estudo independente conduzido pela Autoridade Federal de Aviação dos EUA (FAA) e a Boeing não conseguiu detectar nenhum problema com o uso de computadores ou outros dispositivos eletrônicos pessoais durante as fases não críticas do voo. As fases críticas são decolagem e aterrissagem.
Além disso, a Comissão Federal de Comunicações dos EUA (FCC) criou larguras de banda de frequências específicas para telefones celulares e navegação/comunicação em aeronaves. Governos do mundo adotaram procedimentos similares e, a partir de 2014, a União Europeia permitiu que os dispositivos eletrônicos permanecessem ligados.
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Por que então os celulares continuam proibidos em voos?
O motivo pelo qual a indústria da aviação continua proibindo o uso de telefones celulares, mesmo com todos os protocolos globais implantados, não se refere na verdade a possíveis interferências nos aviões, mas sim no solo!
É que as torres responsáveis por manter as redes wireless funcionando podem ficar sobrecarregadas se todos os passageiros que as sobrevoam resolverem usar seus celulares ao mesmo tempo. Segundo o portal de estatísticas alemão Statista, esse número foi superior a 2,2 bilhões de pessoas em 2021.
A coisa piora, por incrível que pareça, no caso das atuais redes sem fio 5G. De acordo com a indústria da aviação, o espectro de largura de banda da rede wireless da nova tecnologia está muito próxima do espectro de largura de banda reservado para a aviação. Isso poderia levar a interferências nos sistemas de controle de voo próximos aos aeroportos.
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