Na última segunda-feira (28), a NASA chocou uma espaçonave não-tripulada em um asteroide localizado a 11 milhões de quilômetros de distância da Terra, na primeira demonstração de um experimento de defesa planetária da história.
A missão que foi chamada de DART (acrônimo da sigla em inglês para Teste de Redirecionamento de Asteroides Duplos) colidiu com o asteroide Dimorphos de 160 metros de largura enquanto um outro satélite espectador assistia e enviava as imagens da colisão para os cientistas na Terra.
Don't want to miss a thing? Watch the final moments from the #DARTMission on its collision course with asteroid Dimporphos. pic.twitter.com/2qbVMnqQrD
— NASA (@NASA) September 26, 2022
A missão, considerada um sucesso, representou o primeiro êxito de um programa científico da NASA que visa um benefício real para a humanidade: a proteção do planeta de possíveis impactos de grande poder destrutivo com o planeta Terra. Mas, afinal, qual é a chance de um evento dessas proporções ocorrer?
Representação artística da aproximação da sonda DART do asteroideFonte: NASA
Embora existam muitas ameaças à existência da vida na Terra, muitos desses cenários envolvem um grande impacto catastrófico de um asteroide ou de cometa na superfície do planeta, à exemplo do que se acredita que tenha ocorrido há 65 milhões de anos, quando a colisão de um grande asteroide no Golfo do México causou a extinção dos dinossauros e de cerca de 70% de todas as formas de vidas existentes na época.
Asteroides, os pequenos corpos rochosos do Sistema Solar interior, possuem tamanhos e formas que variam desde rochas geladas de alguns centímetros até corpos maiores de centenas de quilômetros. Em geral esses corpos rochosos são formados por silicatos, metais e não possuem atmosfera. Dos cerca de um milhão de asteroides conhecidos, a maior parte deles está localizada em uma região compreendida entre as órbitas de Marte e Júpiter que é chamada de cinturão principal de asteroides.
À medida em que nosso planeta orbita ao redor do Sol, ele exerce de forma contínua uma série de forças gravitacionais em alguns desses asteroides que são desviados de suas trajetórias iniciais e podem vir a entrar em rota de colisão.
Embora a maioria absoluta dos detritos cósmicos que entram na atmosfera da Terra todos os dias sejam de corpos pequenos que se desintegram antes mesmo de tocarem a superfície, mesmo na história recente, alguns eventos de grandes proporções estão constantemente lembrando à humanidade do quão violento e destrutivo o Universo pode ser.
No ano de 1908, por exemplo, uma enorme bola de fogo cruzou os céus sobre a Rússia e explodiu no ar, poucos metros acima do solo. O calor e o impacto puderam ser sentidos a até 65 quilômetros de distância e as pessoas que estavam nesse raio reportaram que foram derrubadas e sentiram seus corpos pegando fogo. Esse evento, posteriormente chamado de Evento de Tunguska, foi tão poderoso que liberou cerca de 40% da maior explosão nuclear feita por seres humanos e devastou por completo cerca de 40 quilômetros em todas as direções.
Árvores caídas após a explosão em TunguskaFonte: Domínio público
Existem muitos fatores que determinam o quão perigoso um impacto de um asteroide será. A localização do impacto pode fazer uma grande diferença, uma vez que a maior parte dos impactos menores ocorrem em áreas não povoadas como nos oceanos, em desertos, nos polos norte e sul, entre outros.
O ângulo de entrada de um asteroide na atmosfera também é um fator determinante, já que ângulos rasos de entrada fazem com que o corpo perca quantidades substanciais de velocidade e, portanto, energia, antes do impacto, em comparação com um que atinge quase perpendicularmente à superfície da Terra.
Contudo, o fator avassalador é simplesmente a energia: a energia que é transferida para a Terra em um impacto pode criar uma onda de choque extraordinariamente poderosa, incluindo choques atmosféricos e oceânicos, causando tsunamis, terremotos e até mesmo desencadeando picos de atividade vulcânica. Tudo isso combinado tem o potencial de levantar uma vasta quantidade de detritos na atmosfera que bloqueariam o Sol em todo o planeta ao longo de meses seguidos.
Dentre os asteroides que já foram identificados e que são constantemente monitorados por nós, não há, até onde sabemos, ameaças existenciais vindo em nossa direção em nenhum futuro próximo. A probabilidade de isso acontecer, embora não seja desprezível, é baixa o suficiente para que não precisemos perder o nosso sono por conta disso.
O aumento exponencial da monitoração dos céus com telescópios grandes e de amplo campo de visão, aliados aos testes de novas tecnologias, como a missão DART, certamente irão mitigar cada vez mais os possíveis cenários de catástrofe planetária. Só assim poderemos confiar em algo maior que apenas a sorte para garantir nossa sobrevivência nos séculos seguintes.
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