Já é bastante difundido que exercícios físicos podem ser benéficos na prevenção e tratamento de uma variedade de doenças crônicas, incluindo as cardiovasculares, o diabetes, a hipertensão e certos tipos de câncer. Agora, um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) confirmou e descreveu, pela primeira vez, os benefícios do hormônio do exercício - a irisina - aos rins.
O estudo, publicado na revista Scientific Reports, da Nature, detalha de que maneira o hormônio pode prevenir os problemas renais silenciosos produzidos pelo diabetes, que acometem até 40% dos portadores da doença e podem provocar danos nos vasos sanguíneos, artérias e veias que irrigam os rins e conduzir à insuficiência renal crônica.
Estudo foi feito com ratos em laboratórioFonte: Shutterstock
Os pesquisadores constataram que o exercício aeróbico está associado a um aumento da irisina muscular na circulação sanguínea e nos rins, o que, segundo o médico José Butori Lopes de Faria, orientador do estudo, confere proteção a esses órgãos.
Estudando o hormônio do exercício
A pesquisa foi feita utilizando ratos de laboratório, que tiveram diabetes induzido e foram separados em três grupos – controle, diabéticos sedentários e diabéticos exercitados (submetidos a treinamento físico em esteira rolante).
Os pesquisadores confirmaram que o exercício aeróbico está associado ao aumento da irisina no tecido muscular e na circulação sanguínea, bem como ao aumento da enzima AMPK - que atua como sensor metabólico das células - nos rins, o que conferiu a proteção a esses órgãos.
Os exercícios aeróbicos demonstraram benefício na proteção dos rins de pessoas com diabetesFonte: Shutterstock
Depois, os roedores diabéticos receberam medicamentos para bloquear a ação da irisina nos rins - e a deficiência da substância coincidiu com o bloqueio dos efeitos benéficos do exercício.
Uma segunda prova foi feita com células renais humanas cultivadas em laboratório, para saber se o tratamento com irisina seria capaz de evitar as alterações da glicose elevada - e a resposta também foi positiva.
"Concluímos que o exercício físico aumenta a irisina no músculo e na circulação e que, nos rins, a presença desse hormônio ativa a enzima AMPK, que bloqueia os mecanismos da fibrose renal”, explicou Faria à Agência FAPESP.
Artigo: Scientific Reports - https://www.nature.com/articles/s41598-022-13054-y.
Fontes