Um estudo publicado recentemente na revista Lancet Oncology divulgou as conclusões de 31 cientistas de 13 países, inclusive do Brasil, sobre a carcinogenicidade de nove agentes com algum teor de cobalto em suas composições.
O Grupo de Trabalho se reuniu remotamente, em março deste ano, a convite da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) e revisou centenas de artigos para dar o seu veredito final sobre nove agentes.
Amostras de terra com cobalto para teste em laboratório (crédito: Shutterstock)
O que os cientistas descobriram sobre a relação entre cobalto e câncer?
Coautor do estudo, o professor Thomas Prates Ong, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, afirmou à Agência FAPESP: “O cobalto e o antimônio registraram o mais alto índice de carcinogenicidade nos parâmetros da IARC, classificando-se como prováveis elementos carcinogênicos. O tungstênio registrou evidências menores."
Confirmando as hipóteses iniciais, a conclusão do trabalho foi de que a exposição excessiva ao cobalto pode causar câncer. O metal proporciona um aumento das inflamações e mutações que podem induzir a formação de tumores, diz Ong. Além disso, o cobalto altera o padrão epigenético (ambiental) "ao causar alterações na forma como as células se proliferam, se diferenciam e morrem”, conclui.
No caso dos alimentos com a vitamina B12, que têm cobalto em suas moléculas, não há risco porque a concentração é baixa. O problema, diz o cientista, é a exposição excessiva, que ocorre em locais de trabalho, através da inalação de poeira do elemento químico e contato com a pele. Na população em geral, as principais fontes de contaminação com o mineral são: alimentos contaminados, fumaça de cigarro, poluição do ar e implantes médicos.
ARTIGO - The Lancet Oncology - DOI: 10.1016/S1470-2045(22)00219-4.
Fontes