Médicos da Universidade de St. Vincent, em Dublin, na Irlanda, removeram mais de 50 pilhas pequenas do intestino e do estômago de uma paciente, no que pode ter sido, segundo um estudo feito, o maior número relatado de pilhas ingeridas de uma única vez.
Atendida no hospital universitário, em um aparente caso de automutilação deliberada, a idosa de 66 anos ingeriu um “número inicialmente desconhecido” de pilhas cilíndricas, conforme o estudo de caso publicado na revista Irish Medical Journal no dia 15 de setembro. O raio-X revelou uma infinidade de baterias.
A ingestão de pilhas é uma ocorrência conhecida dos médicos, embora normalmente restrita a crianças pequenas que engolem acidentalmente pequenas baterias do tamanho de botões. Os riscos, em qualquer um dos casos, é que os dispositivos fiquem presos na garganta, ou que uma reação química possa ser iniciada a partir de uma corrente elétrica desencadeada pela saliva.
O que aconteceu com a paciente idosa?
Fonte: O'Mahony et al./Divulgação.Fonte: O'Mahony et al.
Como a radiografia não revelou qualquer obstrução ao trato gastrointestinal (GI), nem danos estruturais nas pilhas, os médicos optaram incialmente pela chamada “abordagem conservadora”, para ver se os dispositivos passariam livremente pelo sistema digestório. Em uma semana, a paciente conseguiu eliminar cinco pilhas caneta (AA).
Porém, três semanas depois, as pilhas continuaram presas e a paciente começou a sentir dores abdominais. A equipe médica decidiu então por uma laparotomia, procedimento em que uma incisão é feita para acessar a cavidade abdominal, pois eles descobriram que o peso das baterias havia arriado o estômago até a área acima do osso púbico.
Fizeram, então, um pequeno buraco no estômago, por onde conseguiram retirar um total de 46 pilhas – do tipo AA e AAA – do órgão. As 4 restantes, que estavam presas ao cólon (segmento mais longo do intestino grosso), foram massageadas até o reto e eliminadas pelo ânus.