Segundo um novo estudo publicado na revista científica Journal of Clinical Psychiatry, o anestésico ketamina foi usado para reduzir sintomas de depressão, ansiedade e ideação suicida. Para realizar a pesquisa, os cientistas aplicaram infusões de ketamina via intravenosa em pacientes de três clínicas privadas.
Os cientistas analisaram dados de 424 pessoas, diagnosticadas com depressão e resistentes aos tratamentos realizados entre novembro de 2017 e maio de 2021. Os participantes receberam seis infusões intravenosas de ketamina em 21 dias e, em todas as visitas às clínicas, eles preenchiam um questionário sobre sua saúde física e mental.
O estudo foi publicado nesta última segunda-feira (12), oferecendo mais dados sobre o uso do medicamento — inclusive, o anestésico também é usado por consumidores de drogas em todo o mundo. Apesar disso, as informações ainda deixam algumas lacunas, como dados sobre os efeitos adversos e comparações com outros medicamentos.
Cientistas usaram o anestésico ketamina para aliviar sintomas de depressão em experimento (crédito: Shutterstock)
Além de ser usado como anestésico em hospitais, o medicamento também é conhecido por ser um poderoso tranquilizante para cavalos. Apesar de já existirem diferentes estudos sobre o uso para tratamento de depressão, a ketamina ainda não é aprovada para essa utilização.
Ketamina e depressão
Após seis semanas do início do tratamento, 20% dos pacientes afirmaram que seus sintomas depressivos estavam em remissão e cerca de 50% dos participantes respondeu ao medicamento. Após dez infusões, a taxa de remissão dos sintomas aumentou para 38% e a resposta dos pacientes aumentou para 72%.
"Meu ponto é que acho que este é um tratamento incrivelmente importante para adicionar ao nosso arsenal para combater distúrbios graves de humor e doenças psiquiátricas, mas temos que usá-lo com responsabilidade e cuidado", disse o professor de psiquiatria da Escola de Medicina de Yale, Dr. Gerard Sanacora.
Segundo os pesquisadores, durante a fase inicial dos testes com ketamina, a taxa de resposta foi semelhante à de resultados de tratamentos por medicação oral e estimulação magnética transcraniana. De qualquer forma, é importante destacar que o estudo não foi realizado com um padrão de controle e se baseou apenas em autorrelatos dos participantes.