O transtorno do espectro autista (TEA) não é uma doença e, em consequência, não há exames para identificá-lo. Assim, o diagnóstico do autismo — um distúrbio relacionado ao desenvolvimento neurológico — precisa ser feito com base no histórico de desenvolvimento e na observação do comportamento do paciente.
O TEA pode ser detectado por volta dos 18 meses de idade. Segundo estudos, aos dois anos é possível fechar um diagnóstico considerado confiável, se feito por um profissional experiente.
Porém, muitas crianças demoram para receber o diagnóstico e, dependendo do grau de autismo, podem até mesmo chegar à vida adulta sem saber que possuem TEA. Um atraso que priva essas pessoas da ajuda precoce de que precisam.
O TEA pode ser identificado ainda nos primeiros anos de vida (crédito: Shutterstock)
Segundo um estudo citado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), o diagnóstico precoce é importante para garantir que as crianças recebam os serviços e apoios de que precisam para atingir seu pleno potencial.
Algumas pessoas que estão no "espectro” do TEA têm deficiências mentais graves, mas outras são capazes de viver de forma independente e são altamente inteligentes.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), há cerca de 70 milhões de pessoas com autismo no mundo, dois milhões delas no Brasil. A incidência do TEA é maior no sexo masculino: a relação é de uma menina para quatro meninos.
Entenda a seguir, como é realizado o diagnóstico do transtorno do espectro autista.
Diagnosticando o transtorno do espectro autista
Antes de mais nada, os pais precisam estar atentos. Isso envolve observar como uma criança cresce e se desenvolve. É preciso acompanhar se ela atinge os marcos de desenvolvimento e habilidades típicas conforme sua idade progride, aprendendo a falar, a se mover, a brincar e etc.
Veja os principais marcos que as crianças devem atingir aos 18 meses:
- Andar para longe, olhando para ver se você está por perto;
- Apontar para o que acha interessante;
- Dar as mãos para lavar;
- Prestar atenção em algumas páginas de um livro junto com um adulto;
- Ajudar a vesti-la, empurrando os braços ou erguendo os pés;
- Tentar dizer duas ou três palavras, além de mamãe e papai;
- Seguir instruções sem nenhum gesto, como dar o brinquedo quando você diz: “Dê para mim”;
- Copiar tarefas, como varrer com uma vassoura;
- Brincar com brinquedos de forma simples, como empurrar um carrinho;
- Andar sem se agarrar a nada nem a ninguém;
- Rabiscar;
- Beber de um copo sem tampa, mesmo derramando às vezes;
- Alimentar-se com os dedos;
- Tentar usar uma colher;
- Subir e descer de um sofá ou cadeira sem ajuda.
Além desses marcos, é importante compartilhar com o pediatra o que fazem juntos, o que a criança gosta de fazer, se há algo que ela faz ou deixa de fazer que preocupa - como comportamentos incomuns ou repetitivos -, se perdeu alguma habilidade e se tem alguma necessidade especial de saúde, ou nasceu prematuro.
Também é importante informar ao profissional quaisquer condições que outros membros da família da criança tenham: além de TEA, se há alguém com distúrbios de aprendizagem, deficiência intelectual ou transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).
Confirmando o diagnóstico
Em caso de suspeita de TEA, a criança deve ser encaminhada a uma equipe de especialistas, que inclui psicólogo infantil, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional. Também pode envolver pediatras especializados em desenvolvimento e neurologista.
A avaliação geralmente vai verificar o nível cognitivo da criança, suas habilidades de linguagem e outras, como comer, vestir-se e ir ao banheiro.
Para um diagnóstico oficial, a criança deve atender aos padrões do CID-10 - o critério adotado no Brasil pelo Sistema Único de Saúde (SUS) - e do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), com problemas em duas categorias para cair no espectro do autismo:
- Desafios com comunicação e interação social. Para pessoas com TEA, é difícil criar conexão ou prever as reações de outras pessoas, ler dicas sociais, fazer contato visual ou conversar. Podem não começar a falar tão cedo quanto outras crianças e ter dificuldade com habilidades musculares para praticar esportes ou desenhar e escrever.
- Padrões de comportamento restritos e repetitivos. Crianças com TEA podem balançar seus corpos, repetir frases ou ficar chateadas com mudanças em suas rotinas. Eles geralmente são profundamente interessados em um assunto. Problemas sensoriais também podem aparecer.
Caso descubra que uma criança de sua família tem transtorno do espectro autista, é comum que sinta preocupação com o que o futuro reserva para ela. Mas tenha em mente que a maioria das crianças com TEA faz um progresso significativo.
Há crianças com TEA que podem se sair excepcionalmente bem e permanecer em salas de aula regulares, além de serem capazes de criar relacionamentos significativos com familiares e colegas e alcançar um bom nível de independência quando adultos.
É importante lembrar que crianças e adultos com TEA podem alcançar grandes conquistas desde que recebam apoio e oportunidades adequados.
Fontes