*Este texto foi escrito com base em informações de agências e autoridades sanitárias, hospitais e especialistas em saúde. Se você ou alguém que você conhece possui algum dos sintomas descritos aqui, nossa sugestão é que um médico seja procurado o quanto antes.
A larva migrans cutânea, popularmente conhecida como bicho geográfico, é responsável por causar uma inflamação que avança pela pele, lembrando um mapa - por isso seu nome.
Entenda a seguir como ocorre a infecção por bicho geográfico, uma dermatozoonose também conhecida como dermatite serpiginosa e dermatite pruriginosa - que pode causar desconforto intenso — e conheça seus sintomas e tratamento.
O que é e como se pega bicho geográfico?
O bicho, na verdade, é uma das espécies de larvas parasitas de pele que vivem no intestino de cães e gatos — ancilostomídeos como a Ancylostoma caninum e Ancystoloma brasiliensis.
Comum em clima quente, o parasita é evacuado por animais, por meio de ovos dos quais eclodem larvas, em locais como praias, gramados e tanques de areia em parques, nos quais posteriormente pode ocorrer a infecção em seres humanos.
Pele contaminada pelo bicho geográfico (crédito: Wikimedia Commons)
Quando o contato direto da pele com a larva é feito, ela penetra na camada superior. O risco de contrair bicho geográfico é, portanto, maior ao andar descalço nesses locais ou sentar no chão sem uma barreira. Não é preciso ter uma lesão de pele anterior para contrair a doença.
Como posso me prevenir?
- Evite andar com os pés descalços em solos que podem estar contaminados. Muitas infecções por bicho geográfico ocorrem nos pés;
- Evite tocar o solo possivelmente contaminado com a pele exposta. Procure usar roupas e acessórios que cubram as áreas de contato;
- Evite sentar ou deitar em áreas potencialmente contaminadas. Isso aumenta a área da pele que pode ser exposta às larvas;
- Se for sentar ou deitar com a pele exposta em uma área que pode estar contaminada, coloque uma toalha ou tecido por baixo, isso pode ajudar a prevenir a transmissão;
- Se possível, evite áreas frequentadas por muitos animais, principalmente cães e gatos. Em locais assim, use calçados;
- Lave cuidadosamente os pés com água fria após andar descalço em praias e outros terrenos que possam abrigar larvas do bicho geográfico;
- Leve regularmente seus animais domésticos ao veterinário para diagnóstico, controle e tratamento de possíveis infecções parasitológicas;
- Lave as mãos cuidadosamente após recolher as fezes de animais domésticos.
Quais são os sintomas de bicho geográfico?
Os sinais de infecção por bicho geográfico costumam aparecer entre um e cinco dias após o contato — embora possam demorar mais em alguns casos. Veja os sintomas mais comuns:
- Lesões vermelhas e tortuosas que crescem com um padrão semelhante ao feito por uma serpente; isto ocorre devido ao movimento das larvas sob a pele - que pode ser sentido — e elas se movem até dois centímetros por dia;
- Coceira e desconforto que piora à noite. As lesões causadas por esses parasitas costumam coçar, picar e causar dor;
- Formação de pápulas eritematosas — feridas que coçam;
- Inchaço no local acometido pela infecção, devido à inflamação da pele.
As lesões costumam aparecer nos pés, costas, nádegas, coxas e mãos, embora possam ocorrer em qualquer parte do corpo — a depender do local que foi exposto ao parasita.
As lesões causadas por bicho geográfico podem coçar intensamente, o que faz com que a pessoa acometida pela infecção acabe se arranhando e rompendo a pele, o que pode aumentar o risco de uma infecção secundária por bactérias — portanto o ideal é não coçá-las.
Como é feito o tratamento?
A infecção por larva migrans cutânea é uma condição autolimitada e as larvas sob a pele costumam morrer em até oito semanas, caso não seja feito nenhum tratamento. O uso de medicamentos orais ou tópicos, como o tiabendazol, que podem ser aplicados nas lesões várias vezes ao dia, pode ajudar a eliminar o parasita mais rápido.
Na fase em que a dermatite serpiginosa está ativa, a aplicação de gelo sobre as lesões na pele pode ajudar a aliviar a coceira e diminuir o inchaço causado pela infecção.
Estudos descobriram que após dez dias de tratamento, as taxas de cura chegam a 98%. No entanto, é preciso ficar atento e realizar o tratamento médico indicado até o final.
Lesões que levem a uma infecção mais severa — e podem causar quadros graves de alergia, tosse e falta de ar — exigem também medicamentos orais, como o albendazol e a ivermectina.
O tratamento oral tem taxas de cura próximas a 100%, mas a ivermectina é contraindicada para crianças menores de cinco anos ou pessoas grávidas, já que pode produzir efeitos colaterais indesejáveis. O uso de anti-inflamatórios e antibióticos também pode ser necessário.
Fontes