Cientistas da Universidade Northwestern de Chicago, nos Estados Unidos, conduziram neste ano um estudo com a prednisona, um glicocorticoide sintético normalmente usado como agente anti-inflamatório aplicado contra diversas enfermidades, como artrite reumatoide, distrofia muscular e asma.
Injetando o medicamento em camundongos, os cientistas pesquisaram alguns dos conhecidos efeitos colaterais da substância, entre eles o ganho de peso. Amparados em pesquisas anteriores, que mostraram que pulsos mais curtos do glicocorticoide melhoram o desempenho atlético, os pesquisadores aplicaram uma dose semanal do hormônio esteroide, durante um mês, em roedores machos e fêmeas.
Supreendentemente, a prednisona semanal promoveu a absorção de nutrientes nos músculos. Com isso, camundongos obesos que haviam sido alimentados com uma dieta rica em gordura melhoraram sua resistência ao exercício, ficaram mais fortes, tiveram um aumento na massa corporal magra e perderam peso.
Qual o impacto do estudo da prednisona em camundongos?
De acordo com a autora sênior do estudo, Elizabeth McNally, diretora do Centro de Medicina Genética da Faculdade de Medicina da Northwestern, "esses resultados, nos quais 'pulsamos' intermitentemente os animais com prednisona uma vez por semana", mostraram que aqui o corticoide tem um efeito reverso, ou seja, promove a absorção de nutrientes no músculo, e "pode ser uma abordagem para o tratamento da obesidade.”
Animada com os estudos feitos nos animais em laboratório, McNally teoriza que, “se essas mesmas vias forem verdadeiras em humanos, então a prednisona uma vez por semana poderia beneficiar o controle da obesidade”. Para outro autor do estudo, Mattia Quattrocelli, o que emociona é saber que uma simples mudança de frequência muda a substância de indutora para preventiva da obesidade.
A questão agora é saber se o tratamento poderá funcionar em humanos que, comprovadamente, têm músculos de contração lenta, bem diferentes dos músculos fibrosos de contração rápida dos camundongos. Assim, mais estudos serão necessários para uma melhor compreensão sobre o funcionamento da prednisona em músculos humanos.
ARTIGO Journal of Clinical Investigation - DOI: 10.1172/JCI149828.
Fontes