Astrônomos do Telescópio Gemini Sul, na montanha chilena Cerro Pachón, anunciaram na semana passada a obtenção da imagem mais nítida já feita até hoje da R136a1, considerada a estrela mais massiva conhecida. De acordo com o estudo, publicado na revista científica The Astrophysical Journal, trata-se das imagens mais nítidas do aglomerado R136 na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia anã satélite que orbita a nossa Via Láctea.
O objetivo da pesquisa foi estabelecer de forma conclusiva de que forma as estrelas mais massivas, assim definidas por terem mais de 100 vezes a massa do Sol, são formadas. Como essas supergigantes azuis habitam os núcleos densamente povoados de aglomerados estelares, a maior dificuldade é observá-las em meio à poeira cósmica.
Diferentemente da nossa estrela doméstica, que viveu cerca de metade da sua vida estimada em 10 bilhões de anos, as estrelas gigantes têm vida "curta" e morrem relativamente jovens, queimando suas reservas de combustível em poucos milhões de anos.
A R136a1, aninhada no centro da Nebulosa da tarântula. (Fonte: Observatório Internacional Gemini/NOIRLab/NSF/AURA/Divulgação.)Fonte: Observatório Internacional Gemini/NOIRLab/NSF/AURA
Como os astrônomos fotografaram a estrela R136a1?
Para obter a imagem mais nítida da R136a1, os astrônomos usaram uma técnica conhecida como "speckle imager", uma filtragem de ruído do instrumento de imagem de alta resolução Zorro, no Telescópio Gemini Sul. Além da óptica adaptativa, a técnica consiste em tirar milhares de imagens de curta exposição do objeto brilhante e processar cuidadosamente os dados, de forma a praticamente eliminar o desfoque.
As observações feitas da R136a1 até agora sugeriam que a estrela possuía uma massa entre 250 e 320 vezes a massa do Sol. Porém, as novas observações do Zorro, feitas com o uso do filtro de imagens salpicadas (speckle), indicam que a estrela gigante pode ter na verdade "somente" 170 a 230 vezes a massa da nossa estrela. Ainda assim, ela se mantém como estrela mais massiva conhecida.
ARTIGO The Astrophysical Journal - DOI: 10.3847/1538-4357/ac8424.
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