Dados de um amplo estudo internacional realizado entre 27 de abril e 24 de junho, com 528 pessoas de 16 países infectadas pela varíola de macacos (monkeypox), revelaram que a doença é transmitida principalmente por meio de relações sexuais no atual surto. 95% dos casos de participantes do estudo foram contraídos desta forma.
Os dados da pesquisa foram publicados na revista científica The New England Journal of Medicine.
98% dos infectados estudados fazem parte de uma comunidade que tem sido amplamente afetada pela doença: a de homens que fazem sexo com outros homens. É importante ressaltar, no entanto, que qualquer pessoa pode contrair a varíola dos macacos, independentemente de idade ou sexo, e não somente por relações íntimas.
Segundo autoridades de saúde, qualquer pessoa de qualquer idade pode ser infectada pela varíola de macacos (crédito: Shutterstock)
A transmissão do vírus da doença, o monkeypox, ocorre também por meio de grandes gotículas respiratórias, contato próximo ou direto com lesões cutâneas e, possivelmente, por objetos contaminados.
Saiba mais a seguir sobre como se proteger do contágio por varíola dos macacos.
Como se prevenir contra a varíola de macacos
Além de evitar contato muito próximo com outras pessoas, com objetos possivelmente contaminados e fazer uso de máscara — para evitar o contágio por vias respiratórias —, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos divulgou uma série de condutas adequadas para prevenir o contágio por meio de relações sexuais.
Confira a seguir.
- Converse com seu parceiro(a) sobre qualquer doença manifestada recentemente e esteja ciente de erupções cutâneas novas ou inexplicáveis em seu corpo ou no corpo de seu parceiro(a), incluindo os órgãos genitais e o ânus. Se você ou seu parceiro(a) esteve doente recentemente, se está doente ou apresenta erupção cutânea nova e/ou inexplicável, não faça sexo e consulte um médico.
- Em caso de confirmação de varíola de macacos, a melhor maneira de proteger a si e aos outros é evitar sexo de qualquer tipo (oral, anal, vaginal) e não beijar ou tocar outras pessoas enquanto estiver doente, especialmente qualquer erupção cutânea.
- Não compartilhe objetos - como toalhas, brinquedos sexuais e escovas de dente.
- Dê preferência ao sexo virtual, sem contato pessoal.
- Considere a masturbação conjunta a uma distância de cerca de dois metros, sem tocar a outra pessoa.
Especialistas e organizações de saúde recomendam cuidados em relação ao contato sexual para barrar disseminação da varíola de macacos (crédito: Shutterstock)
- Se for fazer sexo, o CDC sugere que a pessoa cubra áreas onde as lesões estão presentes, reduzindo o máximo possível o contato de pele.
- Use preservativo, embora, segundo a entidade, os preservativos sozinhos provavelmente não sejam suficientes para prevenir a varíola dos macacos.
- Evite beijar.
- Lave as mãos, equipamentos de fetiche, brinquedos sexuais e qualquer tecido envolvido na relação (roupa de cama, toalhas, roupas) depois de fazer sexo.
- Evite ter parceiros(as) sexuais múltiplos ou anônimos, pois isso pode aumentar suas chances de exposição à varíola de macacos.
O órgão de saúde norte-americano — onde já são mais de 1.600 casos confirmados — também indicou condutas para evitar o contágio que não se dá por meio sexual. Veja abaixo.
- Se você se sentir doente ou tiver uma erupção cutânea, não participe de nenhuma reunião e consulte um profissional de saúde.
- Festivais, eventos e shows em que os participantes estão totalmente vestidos e com pouca probabilidade de compartilhar contato pele a pele são mais seguros, mas é preciso estar atento às atividades (como beijos) - que podem espalhar a varíola.
- Raves, festas e outros eventos nos quais há pouca roupa e há contato direto, pessoal, muitas vezes pele com pele, tem algum risco, segundo a entidade.
- Evite contato com qualquer erupção cutânea que você veja nos outros e considere minimizar o contato pele a pele.
E se eu contrair varíola dos macacos?
O CDC também indicou uma série de condutas que devem ser adotadas pelas pessoas infectadas ou com suspeita de infecção por monkeypox. Veja a seguir.
- Evite tocar na erupção. Tocar na lesão pode espalhá-la para outras partes do corpo e atrasar a cicatrização.
- Evite sexo ou contato íntimo com qualquer pessoa até que você tenha sido examinado(a) por um profissional de saúde.
- Ao consultar um profissional de saúde, use máscara.
- Evite reuniões, especialmente se envolverem contato próximo, pessoal e pele a pele.
Segundo o primeiro autor do estudo, John Thornhill, é importante enfatizar que a varíola não é uma infecção sexualmente transmissível no sentido tradicional - ela pode ser adquirida através de qualquer tipo de contato físico próximo.
"Nosso trabalho sugere que a maioria das transmissões até agora está relacionada principalmente à atividade sexual, mas não exclusivamente, entre homens que fazem sexo com homens", explicou o pesquisador.
As autoridades de saúde dos Estados Unidos estão preocupadas com a possibilidade de que a varíola de macacos esteja prestes a se tornar uma DST, como gonorreia, herpes ou HIV -, mas ainda não há um consenso entre os especialistas sobre o provável caminho da doença.
Atualmente vacinas estão disponíveis em número limitado e são oferecidas somente para profissionais de saúde da linha de frente de combate à doença.
Artigo: NEJM - DOI: 10.1056/NEJMoa2207323.