Comida ultraprocessada pode levar a declínio cognitivo, diz estudo

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Imagem: AndyBarbour/Pexels

Uma pesquisa realizada por cientistas da USP, com base no Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (o Elsa-Brasil), mostrou que consumir alimentos ultraprocessados, mesmo em pequena quantidade, pode contribuir para um declínio no desempenho cognitivo ao longo do tempo.

Apresentados durante a Conferência Internacional da Associação de Alzheimer, realizada em San Diego, nos Estados Unidos, entre 31 de julho e 4 de agosto, os dados mostraram que essa queda cognitiva ao longo da vida foi 28% maior entre os participantes que consumiram mais de 20% das calorias diárias em ultraprocessados.

Alimentos ultraprocessados são aqueles que passaram por um nível mais alto de manipulação industrial, como biscoitos recheados e salgadinhos em pacote. Em geral, esses alimentos possuem maiores quantidades de açúcar, gorduras e sódio.

Utilizado como banco de dados da pesquisa, o Elsa-Brasil é um estudo epidemiológico nacional realizado desde 2008, com base no estado de saúde de cerca de 15 mil funcionários das instituições USP, UFES, Fiocruz, UFBA, UFMG e UFRGS. A premissa é investigar a incidência e fatores de risco para doenças crônicas.

Como foi feita a pesquisa sobre produtos ultraprocessados?

Fonte: Robin Stickel/Pexels/Reprodução.Fonte: Robin Stickel/Pexels/Reprodução.Fonte:  Robin Stickel/Pexels 

A pesquisa sobre consumo de alimentos ultraprocessados utilizou dados de 10.775 participantes das três primeiras "ondas" (estudos trienais) do Elsa. Para classificar a alimentação dos participantes, eles foram divididos em quatro grupos, conforme a classificação de alimentos do Guia Alimentar para a População Brasileira.

Assim, dividiram-se os comensais de:

  • não processados (vegetais, frutas, cereais etc.);
  • ingredientes culinários (azeites, sal, óleos),
  • alimentos processados com leves modificações, como adição de sal ou açúcar;
  • e ultraprocessados (pães de forma, macarrão instantâneo, marmitas prontas, refrigerantes, entre outros).

Conclusões

Após dividirem as pessoas de 35 a 74 anos em quatro grupos – para quantificar o percentual de alimentos ultraprocessados na dieta –, os pesquisadores associaram os valores às avaliações registradas pelo Elsa. O estudo é considerado a maior amostra e o maior tempo de avaliação da performance cognitiva no Brasil.

Após o cruzamento de dados, os cientistas constataram que pessoas que consomem acima de 20% das calorias diárias em produtos ultraprocessados – o que equivale a três fatias de pão de forma – têm uma queda 28% maior no desempenho cognitivo do que aqueles que comem menos de 20%.

Ao Jornal da USP, a principal autora da pesquisa, Natália Gonçalves, afirmou que, além de inéditos, os resultados "apontam para um comportamento que as pessoas podem modificar", reduzindo as chances de declínio cognitivo.

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