Um estudo liderado por cientistas da Queen Mary University de Londres sugere que as abelhas possuem senciência, a capacidade de ter sensações e sentimentos de maneira consciente. O que se pensava anteriormente era que insetos respondiam a estímulos nocivos de forma inflexível, ou seja, evitando-os, sem avaliar o contexto.
Mas o novo estudo, publicado na terça-feira (26 de julho) na revista Proceedings of the National Academy of Science, descobriu que abelhas são capazes de usar dicas de cores aprendidas para tomar decisões. Além disso, elas também se utilizam de informações contextuais para modular seu comportamento nociceptivo, o que significa reagir de forma diferente a dores de intensidades variadas.
Embora pesquisas anteriores tenham demonstrado que abelhas e zangões ficam otimistas ou deprimidos, o estudo atual investigou se esses estados emocionais incluíam a dor.
Como foi avaliado o comportamento das abelhas?
Fonte: Gibbons et al./PNAS/DivulgaçãoFonte: Gibbons et al./PNAS
Liderada por Lars Chittka, um dos mais renomados estudiosos de comportamento de insetos da atualidade, a equipe deu a 41 abelhas (Bombus terrestris) uma escolha entre dois comedouros com uma solução de 40% de açúcar, e outros dois com menos sacarose. Os alimentadores foram colocados em cima de almofadas de aquecimento individuais de cor rosa ou amarela.
Enquanto as almofadas estavam desligadas, os insetos preferiram os comedouros mais doces, mas, quando os cientistas aqueceram as almofadas amarelas a 55º C (uma temperatura incômoda, mas não ameaçadora), as abelhas preferiram continuar se alimentando nesses alimentadores mais quentes (e com mais açúcar) do que nas almofadas rosas.
Quando todos os quatro alimentadores continham soluções com alto teor açúcar, as abelhas evitavam as amarelas, demonstrando a existência de memória associativa. Para o filósofo e especialista em senciência animal Jonathan Birch, o estudo "é a primeira demonstração direta de que os artrópodes [insetos e aranhas] – conseguem mediar experiências do tipo perde-e-ganha", o que considerou "intelectualmente fascinante".
ARTIGO - Proceedings of the National Academy of Sciences - DOI: 10.1073/pnas.2205821119.
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