O crescimento da insegurança alimentar tem deixado seus rastros. De acordo com o Panorama da Obesidade de Crianças e Adolescentes, divulgado pelo Instituto Desiderata, a desnutrição entre crianças e jovens teve um aumento significativo, afetando principalmente meninos pretos e pardos.
O panorama faz um levantamento, entre outros dados, dos índices de desnutrição entre os anos de 2015 e 2021, de crianças e jovens de 0 a 19 anos. Os índices tiveram um momento de melhora em 2018, mas voltaram a cair após esse ano.
Fome e insegurança alimentar tiveram um crescimento no Brasil nos últimos anosFonte: Shutterstock
Das crianças e jovens atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), notou-se o agravamento dessas taxas, atingindo 5,3% dos meninos brancos dessa população, e 7,4% dos meninos pretos e pardos, em 2021.
Em 2018, melhor período verificado, os índices eram de 4,8% para a população branca, e de dois pontos percentuais acima para os meninos pretos e pardos.
Raphael Barreto, doutorando em saúde pública de Fundação Oswaldo Cruz, disse à Agência Brasil que essa discrepância nos índices pode ser atribuída à desigualdade social e de renda no Brasil, agravando o acesso à alimentação de qualidade para essa população.
Infelizmente, esses índices tendem a não ter uma melhora imediata dentro do panorama atual no país. Devido à pandemia e o crescimento da insegurança alimentar, o consumo de alimentos ultraprocessados tem feito cada vez mais parte da dieta dos brasileiros.
Embora os índices de obesidade estejam aumentando, a desnutrição não tem diminuído. Com o consumo de alimentos ricos em calorias, porém pobres em nutrientes, as taxas de desnutrição tendem a continuar, senão em crescimento, em uma queda lenta.
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