A fabricante sueca de baterias Northvolt firmou, na semana passada, uma parceria de desenvolvimento com a empresa florestal finlandesa Stora Enso com o objetivo de criar baterias nas quais o ânodo (polo positivo) é feito de carbono duro à base de lignina. Esse polímero, que está presente em até 30% da composição de árvores, será fornecido integralmente pela fabricante de pasta e papel de Helsinque.
Fundada em 2015 por dois ex-executivos da Tesla, a Northfolk levou o conceito de gigafábrica dos EUA para a Escandinávia, produzindo baterias para carros elétricos. Com as perspectivas de redução das emissões de CO2 na Europa, não tardou para que a empresa conseguisse financiamento de várias montadoras – como Volkswagen, BMW e Volvo – para desenvolver seus projetos.
Eletrodo de carbono duro e bateria. (Fonte: Stora Enso/Divulgação.)Fonte: Stora Enso
Como irá funcionar a nova bateria com ânodo de madeira?
A Northvolt quer continuar expandindo sua participação no mercado europeu de baterias e, para isso, busca utilizar materiais exclusivos e sustentáveis, como níquel, manganês e cobalto totalmente reciclados. Com o desenvolvimento de baterias à base de lignina fornecida pela Stora Enso, a startup de Estocolmo entra em nova fase de produção, com matérias-primas 100% europeias, reduzindo a pegada de carbono e o custo.
A ideia é produzir uma bateria capaz de concorrer em pé de igualdade com o tradicional grafite ou os promissores ânodos de silício. Nesse sentido, a lignina se torna um elemento-chave. Polímero cuja função biológica é proteger o tecido vegetal contra a ação dos microrganismos e a oxidação, o material é um subproduto na fabricação da fibra de celulose, e é produzido aos milhões de toneladas, sob o nome Lignode, pela Stora Enso.
Atuando como um forte agente de ligação natural, a lignina é uma das maiores fontes renováveis de carbono do planeta, pois está presente nas paredes celulares de praticamente todas as plantas de terra firme.