*Este texto foi escrito por um colunista do TecMundo; saiba mais no final.
Em filmes e obras de ficção científica, a Inteligência Artificial (IA) é comumente ilustrada como algo perverso ou maligno, e que tem o potencial de acabar com a espécie humana rapidamente. Na vida real, nosso dia a dia é extremamente facilitado, uma vez que utilizamos diversos recursos que só são possíveis graças à essa tecnologia.
De maneira simples, Inteligência Artificial nada mais é do que um conjunto de máquinas capaz de simular um pensamento a partir de dados coletados. Por exemplo, baseado em um conjunto de informações coletadas a respeito de jogos de xadrez, um computador não só é capaz de entender como o jogo funciona, mas também de jogar e prever os melhores movimentos para ganhar uma partida.
Na década de 1990, o computador Deep Blue (azul profundo), desenvolvido pela empresa americana IBM, "enfrentou" por 2 vezes o melhor enxadrista da época, Garry Kasparov. Na primeira partida Kasparov levou a melhor, mas, após um ano de melhorias, Deep Blue acabou obtendo a vitória na segunda partida. Essa vitória, apesar de controversa, representa hoje o que foi um enorme avanço para a área de pesquisa sobre Inteligência Artificial.
Prédio da IBM na AlemanhaFonte: Shutterstock
Atualmente, recursos de IA nos estão disponíveis sempre que usamos as sugestões de palavras no teclado do celular, quando um mecanismo de pesquisa sugere o que estamos pensando ou mesmo quando vemos anúncios em sites e redes sociais que são relacionados diretamente com o que pesquisamos e curtimos na internet.
Além disso, muitas empresas utilizam a Inteligência Artificial para fazer com que processos industriais sejam cada vez mais eficientes e ainda, cientistas podem contar com essa tecnologia para processar padrões climáticos e melhor entender as mudanças causadas pelo aquecimento global e, possivelmente, como minimizá-las.
Entendida a importância da IA, para que nos preocupemos menos ainda com os riscos que essa tecnologia pode trazer, é bastante comum, no meio científico, que uma pesquisa precise ser aprovada e validada por um comitê de ética antes de ser realizada. Caso o comitê, que normalmente é formado por diversos cientistas de universidades, por exemplo, considere que a pesquisa pode ser potencialmente danosa, ela acaba sendo reprovada e nem chega a ser realizada.
Recentemente, a revista Nature publicou uma pesquisa que tem potencial de nos fazer entender ainda melhor o “aprendizado” dessas máquinas inteligentes. Os cientistas alimentaram computadores com informações sobre “física intuitiva”. Isto é, aquela física do cotidiano que nem percebemos ser física. Por exemplo, se colocamos uma bolinha em uma ladeira, é esperado que essa bolinha role ladeira abaixo ao invés de subir a ladeira ou simplesmente desaparecer do nada.
Depois que o computador observou diversas situações “intuitivas”, os cientistas utilizaram vídeos em que objetos “caem para cima” ou desaparecem repentinamente, produzindo assim uma “surpresa” no computador. É claro que essa “surpresa” é medida em números pela máquina, mas, dependendo do quão absurda for a situação mostrada, o computador é capaz de responder com um grau de surpresa em relação à tal física intuitiva.
Esse comportamento de demonstrar surpresa quando algo não acontece conforme o esperado é bastante humano e pode ser observado em crianças quando observam os mesmos vídeos intuitivos ou mesmo em adultos quando observam um truque de mágica e não entendem como ele é realizado. Portanto, a pesquisa com Inteligência Artificial pode não só nos ajudar a resolver problemas de maneira mais eficiente, como também nos ajudar a entender nossa própria maneira de pensar.
Rodolfo Lima Barros Souza, professor de Física e colunista do TecMundo. É licenciado em Física e mestre em Ensino de Ciências e Matemática pela Unicamp na área de Percepção Pública da Ciência. Está presente nas redes sociais como @rodolfo.sou