Muito se fala dos tratamentos disponíveis para pacientes que vivem com o vírus da imunodeficiência humana (HIV), mas uma parcela da população ainda parece ser deixada de lado quando o assunto é a transmissão dele: as mulheres, em especial aquelas que querem ser mãe.
Hoje, é possível ter uma gravidez segura e uma criança saudável mesmo que se conviva diariamente com esse patógeno que foi uma grande fonte de preocupação no passado. Entenda, a seguir, como funciona o tratamento de HIV para mulheres que desejam ter filhos.
A terapia antirretroviral ajuda a proteger o bebê de contrair HIV. (Fonte: Shutterstock)
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 1,3 milhão de mulheres e garotas com HIV engravidem todos os anos. Sem o cuidado adequado, até 45% dessas crianças podem nascer já infectadas pelo vírus.
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A transmissão vertical (da mãe para o filho) pode ocorrer durante a gravidez, o trabalho de parto ou a amamentação, mas ela pode ser evitada por meio das terapias antirretrovirais (TARV). Cada vez mais acessíveis, essas terapias são capazes de reduzir a carga viral do patógeno até níveis indetectáveis. Vários estudos já demonstraram que essa é também a melhor maneira de se diminuir transmissão do HIV.
A terapia antirretroviral é uma grande conquista no combate ao HIV. (Fonte: Shutterstock)
Apesar de 85% das mulheres e meninas do planeta terem acesso aos medicamentos, a transmissão vertical continua sendo um problema para a redução da disseminação do vírus. Isso porque a TARV não pode ser interrompida pela paciente. Reter as pessoas infectadas sob cuidados médicos é, portanto, uma das prioridades das ações que visam a eliminar a doença.
Qual é a diferença entre HIV e AIDS?
O HIV é um patógeno que o corpo humano não é capaz de eliminar nem com a ajuda de medicamentos. Uma vez infectada, a pessoa vai conviver para sempre com ele. Apesar disso, a infecção pode ou não levar à síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids). Isso vai depender do sucesso do parasita em sequestrar células saudáveis e usá-las para o próprio propósito.
No passado, quando a doença ainda era desconhecida, os anticorpos não tinham muita chance nessa batalha, mas hoje, com os tratamentos antirretrovirais, podemos vencer. As medidas não eliminam o vírus do corpo, mas o deixam dormente e o paciente fica livre da doençaCom o tratamento certo, é possível conviver com o HIV sem nunca o transmitir ou desenvolver a Aids. (Fonte: Shutterstock)
Mulheres com HIV podem ter filhos saudáveis?
Com as terapias disponíveis, uma mulher com HIV pode ter um filho livre do vírus. O primeiro passo para isso é conhecer o próprio status sorológico — o que pode ser feito gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e com muita discrição.
Pessoas com sorologia positiva devem procurar orientação médica e iniciar o tratamento antirretroviral o quanto antes. Casais que desejam ter filhos podem se programar para engravidar apenas quando estiverem com o vírus indetectável.
Grávidas que convivem com o vírus e ainda não iniciaram o TARV devem procurar atendimento médico o quanto antes para que comecem a receber os remédios. O uso da medicação pode reduzir para menos de 1% as chances de o bebê nascer infectado.
Como é o tratamento do HIV durante a gravidez?
Como o HIV fica dormente no corpo, o tratamento para o vírus não pode ser interrompido durante a gravidez, por isso pacientes devem conversar com especialistas e seguir a prescrição indicada.
Durante o período terapêutico, os efeitos colaterais da ação podem ser particularmente preocupantes, mas é muito importante que a grávida não deixe de tomar os remédios prescritos.
Alguns cuidados especiais também devem ser adotados após o parto. Mães com HIV, mesmo indetectável, não são aconselhadas a amamentar, pois podem transmitir — ainda que com chances baixas — o vírus pelo leite.
Pacientes de HIV podem ter gravidez segura. (Fonte: Shutterstock)
Para o bebê, é aconselhado que receba cuidado de especialistas em HIV infantil. Existem testes que podem ser feitos logo na primeira infância para detectar a presença do vírus, além de medicamentos antirretrovirais que podem oferecer benefícios se forem tomados sob orientação.
A OMS tem como um dos objetivos erradicar a pandemia de Aids até 2030. Eliminar a transmissão vertical é um passo importante para o cumprimento dessa meta. Além disso, é uma forma de cuidar da autoestima e da saúde de milhares de meninas e mulheres mundo afora.
Parte dessa responsabilidade é nossa. Saiba o seu status sorológico, inicie o tratamento — que é gratuito pelo SUS no Brasil — e use preservativos e outras formas de prevenção que julgar adequadas para você.