De acordo com um estudo publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), a mudança de paisagem na Amazônia, causada pelo desmatamento crescente, é responsável por reduzir espécies, carbono e qualidade do solo. A pesquisa foi realizada em uma parceria entre cientistas do Departamento de Genética, Ecologia e Evolução do Instituto de Ciências Biológicas, da UFMG, e da Universidade de Lancaster, no Reino Unido.
O artigo foi produzido com dados coletados, entre 2006 e 2019, sobre 310 locais no Pará, nas regiões de Santarém e Paragominas, com mais de duas mil espécies de árvores, cipós, aves e insetos. Os cientistas também estudaram as propriedades do solo e o estoque de carbono nos mesmos locais.
Segundo o professor da UFMG e coautor do artigo Ricardo Solar, a Amazônia está se aproximando de um 'ponto de inflexão' e, por isso, é necessário prioridade para realizar a conservação e regeneração desses locais.
Apesar de o desmatamento ser um dos problemas principais, o estudo afirma que as florestas tropicais estão sendo alteradas por uma gama de atividades humanas.Fonte: Shutterstock
Combate ao desmatamento
“A conversão de florestas para pastagens ou agricultura mecanizada leva a uma redução - entre 18% e até 100% - no número de espécies de formigas, besouros, aves e árvores. Já, quando a floresta é convertida para agricultura, nós encontramos as maiores mudanças em biodiversidade, estoques de carbono e propriedades do solo”, disse Solar em comunicado.
Contudo, os cientistas afirmam que a conversão contrária também pode ser uma ótima resposta. Por exemplo, Solar diz que quando há a recuperação de uma área usada para agricultura ou degrada por outros motivos, como queimadas, o processo de regeneração aumenta a biodiversidade e os estoques de carbono do ambiente — esses locais regenerados são chamados de florestas secundárias.
O professor de Ciências da Conservação no Centro Ambiental de Lancaster, Jon Barlow, afirma no comunicado que, por conta das mudanças na Amazônia, é necessário criar novas políticas públicas e combater o desmatamento. Ele também sugere que seja realizado um gerenciamento da região integrando a ciência, política e práticas locais.
ARTIGO Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS): doi.org/10.1073/pnas.2202310119
Fontes