Uma pesquisa feita na Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill (Estados Unidos) encontrou um novo medicamento, identificado pelo código RG7834, com potencial de tratar infecções pelos vírus da hepatite A.
A doença é causada pelo vírus HAV, que interfere na atividade do nosso fígado. Ainda que exista uma vacina disponível e amplamente distribuída, ainda existem surtos do problema, inclusive no Brasil.
A hepatite A é causada pelo vírus HAV e ataca o fígado (Fonte: Shutterstock)Fonte: Shutterstock
O pesquisador Stanley Lemon, e sua equipe, descobriram que o HAV precisa de duas moléculas humanas para se replicar dentro do nosso corpo: primeiro ele se liga à proteína ZCCHC14 e, juntas, elas recrutam um grupo de enzimas chamado TENT4 polimerases.
Esse grupo é responsável por processos de modificação do nosso RNA durante o crescimento das células. Mas, quando é feito de refém, o vírus o usa para replicar seu próprio genoma e criar mais cópias.
Foi por isso que os pesquisadores propuseram uma forma de evitar o sequestro de TENT4, cortando assim o acesso do patógeno a essa ferramenta, como forma de prevenir a proliferação da doença.
Para isso, testaram a substância conhecida como RG7834, que já havia sido utilizada contra a hepatite B, em camundongos. Nos roedores, o fármaco foi capaz de reduzir as lesões causadas pelo vírus no fígado.
“Este composto está muito longe do uso humano”, diz Lemon em nota, “mas aponta o caminho para uma maneira eficaz de tratar uma doença para a qual não temos tratamento.”
Quando foi estudado para o tratamento da hepatite B, o remédio foi tóxico para períodos longos de tempo. Mas a cura do tipo A da doença talvez possa ser de curto prazo, e por isso existe uma esperança de que a substância seja aprovada em testes pré-clínicos.
ARTIGO Proceedings of the National Academy of Science: doi.org/10.1073/pnas.2204511119