Um estudo feito por pesquisadores dinamarqueses, apresentado no 8º Congresso da Academia Europeia de Neurologia (EAN) na sexta-feira (24), revelou que pacientes ambulatoriais com resultado positivo para a covid-19 correm um risco maior de terem distúrbios neurodegenerativos do que os que testaram negativo para o vírus.
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A principal autora da pesquisa, dra. Pardis Zarifkar, do Departamento de Neurologia do Rigshospitalet, em Copenhague, justificou em um comunicado sua realização: "Mais de dois anos após o início da pandemia da Covid-19, a natureza precisa e a evolução dos efeitos do vírus em distúrbios neurológicos permaneceu descaracterizada."
Abrangente, o estudo analisou os registros de saúde de mais da metade da população da Dinamarca, tanto de pacientes internados em hospitais, como atendidos em ambulatórios entre fevereiro de 2020 e novembro de 2021.
Como foi realizado o estudo?
Fonte: Shutterstock/Reprodução.Fonte: Shutterstock
Dentre os 919.731 indivíduos testados para a covid-19 no estudo, os pesquisadores detectaram 43.375 casos positivos. O acompanhamento desses pacientes mostrou que o grupo teve um risco 3,5 vezes mais elevado de receber diagnóstico da doença de Alzheimer, 2,6 com o mal de Parkinson, 2,7 com acidente vascular isquêmico e 4,8 com hemorragia intracerebral.
Apesar de estudos anteriores já terem estabelecido associações com outras síndromes neurológicas, afirma Zarifkar, não se sabia até agora "se a COVID-19 também influencia a incidência de doenças neurológicas específicas e se difere, ou não, de outras infecções respiratórias."
Principais conclusões dos cientistas
Embora os pacientes com covid-19 tenham mostrado um risco 1,7 vez maior de AVC isquêmico quando comparados aos pacientes de mais de 80 anos com influenza e pneumonia bacteriana, no caso de outras doenças neurológicas, a incidência de casos foi semelhante àqueles diagnosticados apenas com gripe ou outras enfermidades respiratórias.
Já outro grupo de doenças neurodegenerativas, como esclerose múltipla, miastenia gravis, síndrome de Guillain-Barré e narcolepsia não aumentaram, nem após a covid-19 e nem depois da gripe ou da pneumonia.
Portanto, embora seja tranquilizador saber que, exceto no caso de AVC isquêmico, a maioria dos distúrbios neurológicos não mostrou ser mais frequente após a covid-19 do que depois da gripe ou da pneumonia, quando se comparam os pacientes com testagem positiva e negativa para o SARS-CoV-2, os primeiros mostraram "um risco aumentado de serem diagnosticados com distúrbios neurodegenerativos e cerebrovasculares", conclui Zarifkar.
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