Na última quarta-feira (22), as autoridades sanitárias do Reino Unido anunciaram a descoberta do vírus da poliomielite em amostras de um esgoto de Beckton em Newham, Londres. A doença rara acabou oficialmente no Reino Unido em 2003, mas criou uma epidemia preocupante na década de 1950 em diversas regiões do mundo — o Brasil recebeu o certificado de eliminação da doença em 1994.
De acordo com a agência de segurança de saúde do Reino Unido (UKHSA), os resultados das amostras de resíduos revelaram o vírus da poliomielite do tipo 2 derivado de uma vacina encontrado entre fevereiro e maio de 2022. Por isso, o governo está tentando descobrir se ocorreu alguma transmissão comunitária entre os moradores da região.
Como o problema é considerado um incidente nacional, a Organização Mundial de Saúde (OMS) já foi avisada. De qualquer forma, a UKHSA afirma que o risco de contaminação é extremamente baixo por conta da vacinação da população, mas pediu aos pais para vacinarem as crianças que não estiverem totalmente imunizadas contra o vírus.
A vacinação contra poliomielite no Reino Unido acontece em cinco doses: três doses antes de um ano de idade, outra aos três anos e uma última aos 14 anos. Fonte: Shutterstock
Pólio de volta?
“Estamos investigando urgentemente para entender melhor a extensão dessa transmissão e o NHS [sistema de saúde britânico] foi solicitado a relatar rapidamente quaisquer casos suspeitos ao UKHSA, embora nenhum caso tenha sido registrado ou confirmado até agora”, disse a epidemiologista consultora do UKHSA, Vanessa Saliba.
É importante destacar que, pelo menos uma vez ao ano, o Reino Unido descobre diferentes versões do vírus da pólio nos esgotos. Isso acontece por que traços da vacina podem sair nas fezes de pessoas que receberam vacinas orais contra a poliomielite, porém, o problema é que os cientistas encontraram diversas amostras infectadas ao longo de vários meses.
Atualmente, a poliomielite é um vírus raro que pode causar problemas em pessoas não vacinadas, como a paralisia. Apesar de ter eliminado a pólio em 1994, no último ano, o Brasil voltou para a lista de alto risco do retorno do vírus — a baixa vacinação é um dos principais motivos.