Um novo estudo realizado por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) aprofundou investigações sobre o vírus sabiá (SABV), causador da febre hemorrágica brasileira, que ressurgiu no País em 2019, após 20 anos de inatividade. Foram dois os diagnósticos realizados, ambos durante um surto de febre amarela na região Sudeste.
Os dois casos, “que são extremamente raros”, segundo diz a médica Ana Catharina Nastri ao Jornal da USP, foram detectados por acaso quando, ao estudar a epidemia de febre amarela, os pesquisadores foram em busca de outros vírus cujo diagnóstico não havia sido fechado. Antes desses casos, apenas quatro infecções haviam sido registradas no Brasil, em 1990 e 1999.
Publicado no mês passado na revista Travel Medicine and Infectious Disease, o estudo concluiu que, embora com poucos registros, a infecção pelo mammarenavirus brasileiro é uma etiologia para a síndrome da febre hemorrágica aguda. O diagnóstico virológico atual só foi possível através de técnicas contemporâneas.
Quais foram os dois casos recentes de infecção pelo vírus sabiá?
Cidades paulistas e infecções pelo vírus sabiá. (Fonte: Faculdade de Medicina da USP/Divulgação)Fonte: Faculdade de Medicina da USP
Os dois novos casos de infecção pelo vírus sabiá ocorreram nas cidades de Sorocaba e Assis, ambas no interior paulista. O primeiro deles – um homem de 52 anos – apresentou dores musculares, dores abdominais, tontura e conjuntivite. internado com febre alta e sonolência, foi transferido para a UTI, onde teve forte sangramento, insuficiência renal e queda do nível de consciência, falecendo 12 dias após o início dos sintomas.
O segundo caso – um trabalhador rural de 63 anos de Assis – teve febre, dor no corpo, náusea e prostração. Os sintomas evoluíram para queda do nível de consciência e insuficiência respiratória, sendo intubado. Uma disfunção cardíaca causou um choque letal, 11 dias após o início dos sintomas. Felizmente, os cientistas não encontraram infecções por transmissão hospitalar em nenhum dos dois casos.
ARTIGO Travel Medicine and Infectious Disease - DOI: 10.1016/j.tmaid.2022.102351.
Fontes