Pesquisadores do Instituto Spallanzani de Roma detectaram fragmentos do vírus da varíola de macacos no sêmen de quatro pacientes na Itália. A descoberta levanta questões sobre a possibilidade de que a transmissão da doença possa ocorrer pela via sexual, disseram os cientistas à agência Reuters na segunda-feira (13).
A hipótese de que a doença viral possa ser sexualmente transmissível vem do fato de que, dos mais de 1,3 mil casos relatados fora da área endêmica, ocorridos principalmente na Europa desde o início de maio, a maioria envolve pacientes homens que fizeram sexo com outros homens.
Muitos dos casos da zoonose viral do surto atual ocorreram entre parceiros sexuais que tiveram contatos íntimos. No entanto, para ser considerada como uma DST – como a HIV/Aids, clamídia ou sífilis – é preciso que os patógenos sejam transferidos de uma pessoa para outra especificamente através de sêmen, secreções vaginais ou outros fluidos corporais.
Lesões na pele estão entre os sintomas da varíola de macacosFonte: Shutterstock
O DNA da varíola de macacos no sêmen faz dela uma DST?
No estudo publicado na revista Eurosurveillance no início deste mês, os pesquisadores comprovaram a presença de vírus no material genético de seis dos sete pacientes internados na instituição. Em pelo menos um dos casos, o teste laboratorial sugeriu que o agente infeccioso encontrado era capaz de contaminar outra pessoa, e se replicar.
Para o diretor do Instituto Spallanzani, Francesco Vaia, esses dados publicados ainda não constituem uma evidência suficiente para comprovar a hipótese de que as características biológicas do vírus tenham mudado, ou de que tenha ocorrido alguma evolução em sua forma de transmissão.
"No entanto” – diz Vaia à Reuters – “ter um vírus infeccioso no sêmen é um fator que inclina fortemente a balança a favor da hipótese de que a transmissão sexual pode ser uma das maneiras pelas quais esse vírus é transmitido". Ainda assim, "mais estudos são necessários para avaliar a presença, persistência e contagiosidade do MPXV em diferentes fluidos corporais", recomenda o estudo.
ARTIGO - Eurosurveillance - DOI: 10.2807/1560-7917.ES.2022.27.22.2200421 .
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