Campeão de tamanho em nosso sistema solar, o planeta Júpiter é tão grande que sua massa representa mais do que duas vezes e meia a de todos os demais planetas somados. Tal magnitude faz com que esse gigantesco corpo celeste tenha um campo gravitacional igualmente massivo, capaz de capturar um número considerável de satélites.
Para se ter uma ideia do tamanho do quinto planeta do sistema solar, basta dizer que, em março de 1610, o astrônomo italiano Galileu Galilei (1564-1642) conseguiu identificar, com instrumentos ópticos da época, quatro luas de Júpiter: Io, Europa, Ganimedes e Calisto. Vinte e três anos depois, o cientista de Pisa seria condenado pela Igreja Católica por não aceitar o terraplanismo.
Atualmente, além daqueles quatro satélites, hoje chamados de "luas de Galileu", são conhecidas mais 75 luas orbitando Júpiter, segundo a NASA. 53 delas já estão nomeadas, enquanto as demais aguardam por um "batismo". O conjunto de satélites é chamado de luas jovianas, das quais três são maiores do que a Lua da Terra, sendo que uma delas – Ganimedes – é a maior de todas as luas do sistema solar.
Io
Fonte: NASA/JPL/Galileo Project/DivulgaçãoFonte: NASA/JPL/Galileo Project
A lua Io é considerada o mundo mais vulcanicamente ativo do sistema solar, com constantes erupções de magma de silicato quente através de centenas de vulcões, alguns com dezenas de quilômetros de altura. Por esse motivo, a superfície do satélite é inteiramente coberta de enxofre, com diversas formas coloridas
Como a órbita de Io é levemente elíptica, a lua acaba capturada em um verdadeiro "cabo de guerra" entre a gravidade colossal de Júpiter e os puxões menores, porém pontuais, de duas vizinhas – Europa e Ganimedes – que orbitam mais longe do planeta. A luta gravitacional provoca "marés" na superfície sólida, que chegam a se erguer a 100 metros de altura.
Europa
Fonte: NASA/JPL-Caltech/SETI Institute/DivulgaçãoFonte: NASA/JPL-Caltech/SETI Institute
Pelas suas características, Europa pode ser o lugar mais provável para existência de vida fora da Terra. Cientistas presumem, com grande dose de certeza, que existe um oceano de água salgada sob a superfície dessa lua, com uma capacidade equivalente ao dobro de todos os oceanos da Terra juntos.
E a coisa não para por aí: teóricos acreditam que o satélite tenha, também da mesma forma que o nosso planeta, um manto rochoso, e um núcleo de ferro. Ou seja, há um potencial para o desenvolvimento de processos biológicos, se em algum momento forem combinados os três ingredientes básicos para a criação de vida: água líquida, fontes de energia e compostos orgânicos.
Em julho de 2022, durante o lançamento do primeiro pacote de imagens do Telescópio Espacial James Webb (JWST) novas imagens do planeta Júpiter foram reveladas. Em uma delas, um registro especial mostra a lua Europa.
Imagem feita pelo telescópio James Webb mostra o planeta Júpiter (centro) e sua lua Europa (esq.) - créditos: NASA, ESA, CSA, and B. Holler and J. Stansberry (STScI)
Ganimedes
Fonte: NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS/DivulgaçãoFonte: NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS
Conhecida como a lua gelada de Júpiter, Ganimedes é maior do que Mercúrio e que o planeta anão Plutão. Assim como Europa, especula-se que esse satélite possua um imenso oceano de água salgada que, em seu subsolo, tenha mais volume do que toda água contida na superfície terrestre. Como esses oceanos estão congelados, poderiam estar empilhados em camadas, imaginam os cientistas.
Além disso, Ganimedes se destaca entre as demais luas, por ter seu próprio campo magnético, semelhante ao existente na Terra. Essa característica causa auroras, na verdade fitas de gás brilhantes que circundam os polos da lua. Há também evidências de que o satélite possua uma tênue atmosfera constituída de oxigênio.
Calisto
Fonte: NASA/Galileo Orbiter/Divulgação.Fonte: NASA/Galileo Orbiter
Segunda maior lua de Júpiter e terceira do nosso sistema solar, Calisto é considerada o corpo celeste com maior número de crateras em todo o sistema solar. Sondas espaciais que sobrevoaram essa lua revelaram grande quantidade de manchas brancas brilhantes contra um fundo escuro. Os cientistas afirmam que as áreas brilhantes são constituídas de gelo e as manchas escuras, locais onde esse gelo erodiu.
Calisto era considerado um corpo rochoso completamente inerte até a década de 1990, quando dados coletados pela sonda Galileo sugeriram a existência de um oceano salgado sob a superfície gelada do satélite. Revisões posteriores dessa pesquisa mostraram que, se existir, tal oceano pode estar bem mais abaixo do que se supunha.
As demais luas de Júpiter
Europa Clipper. (Fonte: NASA/JPL-Caltech/Divulgação.)Fonte: NASA/JPL-Caltech
Embora sejam apenas quatro, as luas jovianas descobertas por Galileu há mais de 400 anos representam 99,999% da massa total dos 79 satélites de Júpiter, aí incluído o sistema de anéis. Além disso, as galileanas tem características próprias e peculiaridades que não estão presentes nas demais luas, a maioria delas com menos de 250 quilômetros de diâmetro, muitas vezes não chegando nem a 5 quilômetros.
Mais conhecimentos sobre Júpiter e suas 79 luas chegarão à Terra quando for lançada a próxima grande missão da NASA – o orbitador Europa Clipper – que irá ao espaço em 2024, para realizar um reconhecimento detalhado sobre a lua Europa.
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