Um estudo realizado por pesquisadores dos Estados Unidos, conseguiu demonstrar que a diabetes tipo 2 pode causar danos na estrutura cerebral.
Com dados de imagem e testes cognitivos coletados do UK Biobank, assim como uma revisão bibliográfica de outros estudos sobre o assunto, os pesquisadores fizeram análise e cruzamento dessas informações, tendo uma amostra de mais de 20 mil pessoas, com idades entre 50 anos e 80 anos.
Desse montante, mais de mil pessoas possuem diabetes tipo 2, e as demais, que não possuem a doença, fizeram parte do grupo de controle. Para uma melhor avaliação, os pesquisadores parearam pessoas do mesmo sexo, idade e escolaridade.
O artigo com os resultados foi publicado no fim de maio na revista científica eLife.
A diabetes mellitus tipo 2 ocorre quando o organismo não consegue produzir insulina, ou mesmo é resistente a esse hormônio. Geralmente é desencadeada por sobrepeso, sedentarismo, hipertensão, alta dos triglicerídeos e má alimentação.
De acordo com o estudo, o uso de medicação não foi fator protetivo contra os danos neurológicosFonte: Shutterstock
Já são conhecidos os efeitos da alta quantidade de glicose no sangue para órgãos como rins e olhos. Mas com esse estudo foi possível perceber que a diabetes do tipo 2 também causa danos no cérebro que podem ser irreversíveis.
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Adiantando os processos de envelhecimento cerebral, e causando diminuição, principalmente, na função executiva, os danos parecem estar intimamente ligados ao tempo de progressão da doença, sendo mais graves em pessoas que têm a doença há mais tempo.
O estudo também aponta que homens estão mais susceptíveis aos danos neurológicos do que mulheres, e que a velocidade de processamento do cérebro decaí aproximadamente 1,5% ao ano. Outro fator alarmante é a velocidade da atrofia cerebral, que aumenta para até 26%, em pessoas com diabetes do tipo 2.
Os pesquisadores ainda não têm respostas conclusivas sobre como o diabetes pode causar essa aceleração na degradação da função e das estruturas cerebrais. Mas esperam que o estudo seja uma porta para que exames de imagem também possam auxiliar no acompanhamento da progressão da doença, sendo que os danos cerebrais podem aparecer no cérebro, antes mesmo de dar sinais na corrente sanguínea, de acordo com o estudo.
ARTIGO eLife: doi.org/10.7554/eLife.73138