*Este texto foi escrito com base em informações de agências e autoridades sanitárias, hospitais e especialistas em saúde. Se você ou alguém que você conhece possui algum dos sintomas descritos aqui, nossa sugestão é que um médico seja procurado o quanto antes.
Mais de 90 novos casos identificados de varíola de macacos em diferentes países deixaram a Organização Mundial da Saúde (OMS) em alerta no fim do mês de maio de 2022. A doença tem chamado a atenção das pessoas ao redor do mundo, trazendo incertezas e preocupações.
Especialistas, entretanto, afirmam que a doença não deve causar uma pandemia como a iniciada pela covid-19, que assola o planeta desde 2020. Ao contrário da anterior, esse problema de saúde já é conhecido pelos cientistas e possui até mesmo vacina. Entenda a seguir o que é a varíola de macacos e como ela é transmitida.
Doença é similar à varíola humana (Fonte: Shutterstock)Fonte: Shutterstock
A varíola de macacos é causada por um vírus transmitido de animais para seres humanos. O patógeno causador da doença é do gênero ortopoxvírus e é similar ao causador da varíola humana comum. Esse, entretanto, aflige principalmente primatas e roedores.
O agente infeccioso contém DNA de fita dupla como material genético. Até o momento existem dois clados genéticos principais dele: um mais grave recorrente na Bacia do Congo, África Central, e outro mais brando típico da região da África Ocidental, indo até o Camarões.
A virose foi identificada pela primeira vez em humanos em 1970, na República Democrática do Congo, anos após a erradicação da varíola comum. A partir de então, o número de casos apenas aumentou e se espalhou por 11 nações vizinhas, onde a doença é endêmica até hoje.
Transmissão
O método mais comum de contrair a varíola de macacos é através do contato direto com sangue, fluidos corporais, lesões na pele ou mucosas de animais que estejam infectados com o vírus.
O consumo de carne crua ou mal cozida também é um fator de risco, principalmente para pessoas que vivem nas regiões onde a infecção é endêmica. Além disso, habitantes de regiões florestais têm maior exposição, direta ou indiretamente, aos vetores.
Ainda que receba o nome de varíola de macacos, especialistas dizem que ratos sejam os reservatórios naturais da doença e principais responsáveis pela sua disseminação.
Pessoas que vivem nas margens de florestas e matas estão mais susceptíveis (Fonte: Shutterstock)Fonte: Shutterstock
De maneira similar, o contágio entre humanos também pode ser resultado do contato direto com secreções, lesões na pele ou, ainda, com objetos contaminados. A cadeia de transmissão, nesses casos, tem aumentado.
Registros mostram que ela passou de 6 para 9 infecções sucessivas. Especialistas afirmam que isso pode ser um reflexo da erradicação da varíola humana, que reduz a nossa imunidade natural à patógenos desse tipo.
Outra forma de transmissão é pela placenta materna, que leva ao quadro congênito da doença. No surto recente, evidências apontam também que o contágio pode estar relacionado ao contato sexual, mas ainda são necessários mais estudos para desvendar essa correlação.
Prevenção e tratamento
Muitos estudos científicos já mostraram que a vacina contra a varíola humana é capaz de prevenir o contágio da varíola de macacos com 85% de eficácia. Apesar disso, atualmente os imunizantes não estão disponíveis para a população em geral, já que a doença foi erradicada há mais de 40 anos.
Por isso, é necessário adotar medidas de prevenção que possam reduzir a exposição ao vírus. Para conter os surtos atuais, é importante manter-se vigilante. Pessoas infectadas ou com suspeita devem ficar isoladas e buscar tratamento e diagnóstico adequados.
Mas, apesar de o novo surto atípico, o contágio através de humanos é a principal fonte causadora do mal. Por isso é preciso atenção ao lidar com cadáveres ou carcaças de animais mortos e cozinhar bem a carne usada na alimentação.
Pacientes infectados devem buscar tratamento (Fonte: Shutterstock)Fonte: Shutterstock
Quais são os sintomas da varíola de macacos?
Dores de cabeça, início de febre aguda, inchaço nos linfonodos, dores musculares, no corpo e nas costas e fraqueza profunda são os principais sintomas identificados até o momento pela OMS no novo surto da doença.
Pessoas infectadas em geral recebem tratamento para aliviar os sintomas e prevenir sequelas de longo prazo. Em primeiro lugar, é fundamental garantir uma ingestão de líquido e alimentação adequadas ao paciente.
O tecovirimat é um antiviral desenvolvido para o tratamento da varíola e seu uso foi aprovado neste ano pela Associação Médica Europeia (EMA), com base em estudos científicos. Infelizmente, o fármaco ainda não está amplamente disponível no mercado.
A varíola de macacos é uma doença similar à varíola humana. Essa versão mais branda de vírus do tipo ortopoxvírus tem causado preocupação com um surto atípico recente na Europa e nos Estados Unidos.
Entretanto, apesar do número crescente de casos, a doença não mostrou sinais de se tornar de uma grande pandemia, como a da covid-19, e por isso o recomendado, por enquanto, é prestar atenção aos sinais e adotar boas práticas de prevenção.