Um estudo global realizado antes da eclosão da pandemia da covid-19 estima que a poluição foi responsável pela morte de 9 milhões de pessoas em 2019, o que equivale a uma em cada seis mortes ocorridas em todo o mundo. Os dados constam em um novo relatório da Comissão Lancet de Poluição e Saúde publicado na terça-feira (17), na revista The Lancet Planetary Health.
O que é preocupante, dizem os autores, é que esse número permanece o mesmo desde a análise anterior, feita pelo grupo em 2017, que indicava a poluição como responsável por 9 milhões de mortes prematuras em 2015. A atualização, feita com dados do Estudo Carga Global de Doenças, Lesões e Fatores de Risco (GBD 2019), mostra que poucas ações foram tomadas pelos governos para conter essa grave crise de saúde pública.
Mudança no perfil da poluição
Vista panorâmica do centro da cidade de São Paulo; cidade é um das que mais sofre com a poluição no Brasil (Shutterstock)
Se, por um lado, ocorreram reduções no número de mortes relacionadas à poluição do ar doméstico e da água – geralmente associadas à pobreza extrema –, por outro, esses pequenos progressos foram "compensados" por um crescente número de óbitos ligados à poluição atmosférica ambiental e à poluição química tóxica, leia-se chumbo.
A poluição prevalente inclui a contaminação do ar por material particulado, e constitui uma ameaça para a saúde humana e planetária. Isso faz com que o fenômeno não possa mais ser tratado como questão nacional ou regional, pois envolve todos os tipos de resíduos indesejados de origem humana lançados no ar, terra, água e oceano.
Conclusões e alertas
Desde o relatório de 2017, a Comissão Lancet tem comprovado que o controle da poluição deve ser realizado em conjunto com igual atenção às mudanças climáticas e à perda da biodiversidade. Esse triunvirato ser deve trabalhado por planejadores públicos e privados na elaboração de políticas públicas de investimento, com foco na saúde.
Os autores pedem que organizações internacionais e governos utilizem protocolos de amostragem uniformes para coletar evidências sobre a exposição a produtos químicos perigosos. O alerta se torna mais importante para países de baixa e média renda, nos quais elementos tóxicos – como chumbo, mercúrio e cromo – são vendidos livremente sem nenhum tipo de controle.
ARTIGO - The Lancet - DOI: 10.1016/S2542-5196(22)00090-0.
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