Na terça-feira (26), foi publicada na revista científica Nature Communications a descoberta de duas bases de DNA que ainda não haviam sido observadas em meteoritos carbonáceos. A pesquisa realizada através da parceria entre a Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (NASA) e a Universidade de Hokkaido, do Japão, encontrou as últimas peças que podem ajudar a explicar a evolução química da Terra primitiva.
Apesar de haver modelos preditivos sobre a existência de citosina e timina em amostras extraterrestres, os experimentos anteriores ainda não haviam conseguido detectar exemplares desses nucleotídeos. Das cinco bases nitrogenadas de RNA e DNA, apenas três haviam sido observadas.
Pedaços de rocha espacial que caem na Terra podem revelar importantes informações sobre a origem da vidaFonte: Shutterstock
Nessa nova empreitada, o experimento foi realizado por cromatografia líquida de alta resolução, que, grosso modo, prepara um “chá de meteorito” para que o material possa ser analisado. Com algumas mudanças no preparo do material, como o uso água fria ao invés de ácido, e a utilização de verificadores mais sensíveis, os pesquisadores conseguiram observar as nucleobases.
Para Jason P. Dworkin, co-autor do artigo vinculado a Goddard Space Flight Center (NASA), essa modificação na preparação “mais se parece com uma bebida gelada do que um chá quente”, e que devido à fragilidade da citosina, ficou surpreso que o empreendimento tenha conquistado sucesso.
Os pesquisadores dizem que os experimentos anteriores não obtiveram êxito, pois, essas bases são muito sensíveis e podem ter se degradado durante o processo de preparação.
Mas seriam os meteoritos mensageiros de vida no universo? De acordo com os cientistas, apesar da presença desses compostos, não é possível afirmar que a Terra tenha recebido essa “ajuda extra” para a existência de vida. Mas encontrar essas nucleobases, gera um alicerce mais sólido para se entender os processos químicos e evolutivos que aconteceram na Terra primitiva.
As observações dessas bases, os achados de açúcar nos meteoritos ricos em carbono, e a nova técnica, mais sensível para detecção de compostos orgânicos, estão pavimentando o caminho rumo as explicações de como a vida surgiu na Terra.
ARTIGO Nature Communications: doi.org/10.1038/s41467-022-29612-x
Fontes
Categorias