Cientistas na Northwestern Medicine de Chicago, nos EUA, estão usando novas descobertas da tecnologia de edição de genes CRISPR para desenvolver uma biologia capaz de produzir tratamentos mais efetivos e novas abordagens terapêuticas para o HIV, ou vírus da imunodeficiência humana, o causador da Aids.
Embora os tratamentos com medicamentos existentes sejam eficazes na supressão da replicação e da disseminação viral, diz o coautor do estudo, Judd Hultquist, eles “não são curativos, então os indivíduos que vivem com HIV têm de seguir um regime de tratamento rigoroso.”
Como esses cuidados de saúde dificilmente estão acessíveis para a maioria dos infectados, equipes de pesquisa têm buscado, há mais de 40 anos, novas modalidades de tratamento e até mesmo uma cura para o HIV. No entanto, ninguém conseguiu ainda descobrir como esse vírus de um décimo de milésimo de milímetro – com apenas 12 proteínas e um genoma – consegue sequestrar as células do corpo e se replicar pelo organismo.
Como os cientistas usaram a CRISPR para "nocautear" genes?
Fonte: Hiatt et al./Nature Communications/Divulgação.Fonte: Hiatt et al./Nature Communications
Partindo do princípio de que o HIV depende da maquinaria molecular do hospedeiro para replicar, no novo estudo, que foi publicado no início do mês na revista Nature Communications, os pesquisadores usaram uma abordagem de edição genética CRISPR para especificar os genes humanos que são importantes para a infecção pelo HIV no sangue.
Dessa forma, o principal alvo do HIV – as células T – foram isoladas de sangue humano doado e tiveram centenas de genes eliminados pela chamada CRISPR-Cas9, técnica que funciona como uma tesoura para editar o genoma.
Essas células "nocauteadas" foram então infectadas pelo HIV e analisadas. As que perderam o gene importante para replicação viral resultaram em diminuição da infecção, e as que perderam um fator antiviral revelaram um aumento da infecção.
Em seguida, a equipe validou os fatores identificados, excluindo-os de forma seletiva em novos doadores.
ARTIGO Nature Communications: DOI: 10.1038/s41467-022-29346-w.