De acordo com três estudos publicados na revista The Lancet Infectious Diseases, as vacinas infantis para meningite podem ser usadas para a proteção contra a gonorreia, doença sexualmente transmissível. Segundo os dados de um dos estudos, a vacina 4CMenB pode proteger jovens em até 40% se aplicada em duas doses e 26% quando há apenas uma dose.
De acordo com o principal autor do estudo, Winston Abara, sua equipe comparou casos confirmados de gonorreia e clamídia em jovens entre 16 e 23 anos nas cidades de Nova York e Filadélfia, nos Estados Unidos, e percebeu que a vacina contra meningite 4CMenB também oferece proteção contra a doença sexual. Foram usados dados em casos registrados entre 2016 e 2018.
Em uma pesquisa, uma dose já pode surtir efeito contra a gonorreia, contudo, outra pesquisa afirma que apenas uma dose não oferece proteçãoFonte: Unsplash
“Nossas descobertas sugerem que as vacinas contra a meningite que são apenas moderadamente eficazes na proteção contra a gonorreia podem ter um grande impacto na prevenção e controle da doença. Ensaios clínicos focados no uso de 4CMenB contra a gonorreia são necessários para entender melhor seus efeitos protetores”, disse Abara.
Estudos estão em estágios iniciais
Em um estudo realizado na Austrália, os cientistas descobriram que duas doses da vacina 4CMenB podem aumentar em 33% a proteção contra gonorreia em adolescentes e jovens adultos. Já em um estudo realizado em Londres, os pesquisadores perceberam que a vacinação com 4CMenB pode evitar até 110 mil casos de gonorreia entre homens gays e economizar até £ 8 milhões ao longo de uma década.
De qualquer forma, é importante ressaltar que todas as pesquisas estão em estágios iniciais e a maioria foi realizada com dados de jovens e adolescentes. Ou seja, ainda não é possível generalizar que a vacina de meningite proporcione o mesmo efeito em pessoas com diferentes idades e em diferentes situações, pois os dados ainda são limitados.
A gonorreia é causada por infecção bacteriana e é quase exclusivamente sexualmente transmissível. Além de afetar as genitais, a doença pode causar dor de garganta, dificuldade para engolir e, em casos sem o tratamento adequado, pode ajudar no desenvolvimento de outros problemas de saúde.
ARTIGOS The Lancet Infectious Diseases: doi.org/10.1016/S1473-3099(21)00754-4; doi.org/10.1016/S1473-3099(21)00744-1; doi.org/10.1016/S1473-3099(21)00812-4