Embora seja o planeta gigante mais distante do Sol, Netuno possui uma atmosfera previsivelmente gelada, porém dinâmica e mais temporalmente variável do que se pensava até agora. Um estudo publicado na segunda-feira (11), na revista Planetary Science Journal, concluiu que o gigante gelado está esfriando aos poucos, com uma queda de 8ºC na temperatura média entre 2003 e 2018.
Porém, se essa sequência já se mostra inexplicável, tendo em vista que o verão no planeta começou em 2005 – e dura quarenta anos –, duas observações feitas em 2019 e 2020 revelaram uma mudança surpreendente no polo sul: um aquecimento de cerca de 11ºC entre os anos de 2018 e 2020, que reverteu de forma dramática, e inexplicável, a tendência de resfriamento anterior.
Feitas com base em cerca de 100 imagens térmicas de Netuno coletadas em vários observatórios do mundo durante cerca de 17 anos, as observações dos pesquisadores da Universidade de Leicester, na Inglaterra, e do Jet Propulsion Laboratory (JPL) da NASA, não deram conta de explicar a causa dessas mudanças climáticas.
Fonte: NASA/JPL-Caltech/Divulgação.Fonte: NASA/JPL-Caltech
Como são as estações em Netuno?
Segundo o estudo, Netuno tem uma inclinação axial, o que faz com que o planeta experimente estações, da mesma forma que a Terra. Mas, como esse corpo celeste orbita o Sol a uma distância de 4,5 bilhões de quilômetros, acaba levando mais de 165 anos terrestres para completar um único giro em torno da nossa estrela hospedeira.
- Leia também: O que sabemos sobre os gigantes do sistema solar?
Além disso, "com os ventos zonais mais poderosos do sistema solar, as nuvens mais altas de Netuno evoluem tão rapidamente que a aparência do planeta pode mudar drasticamente ao longo dos dias" explica o estudo. As observações de longo tempo "sugerem tendências intrigantes na cobertura de nuvens e no albedo [refletividade da superfície] de Netuno."
“Acho que Netuno é muito intrigante para muitos de nós porque ainda sabemos muito pouco sobre ele”, disse Michael Roman, primeiro autor do estudo, à CNN. Para o pós-doutorando da Universidade de Leicester, mais observações de acompanhamento dos padrões de temperatura ainda serão necessárias, tarefa que poderá receber a ajuda do Telescópio Espacial James Webb, que irá observar Urano e Netuno ainda neste ano.
ARTIGO - The Planetary Science Journal - DOI: 10.3847/PSJ/ac5aa4.
Categorias