Esse é um daqueles assuntos que acaba virando uma espécie de lenda urbana: quase todo mundo já ouviu uma história sobre alguém que passou mal depois de tomar bebida energética — e às vezes o relato é sobre misturá-la com álcool. Mas afinal, energético faz mal mesmo? Saiba mais a seguir.
Bebidas energéticas geralmente não contêm álcool e são compostas por altas doses de cafeína (cerca de 80 mg por dose, mas podendo chegar a 200 mg) e açúcar (cerca do dobro de um refrigerante comum), aditivos e estimulantes como o guaraná, o ácido orgânico taurina — presente na bílis —, o aminoácido L-carnitina, sintetizado naturalmente por seres humanos, e glucuronolactona, um metabólito natural de glicose.
Embora sejam comumente confundidos com bebidas esportivas, os energéticos são diferentes. Enquanto as bebidas esportivas são feitas para repor líquidos no corpo (hidratação), os energéticos são frequentemente usados para melhorar o humor e manter o foco.
Quando ingeridas, as substâncias presentes nas bebidas energéticas atuam aumentando o estado de alerta, a atenção e os níveis de energia. Mas, paralelamente, aumentam também a pressão arterial, aceleram os batimentos cardíacos e a respiração.
Quando energético faz mal?
Em primeiro lugar, é preciso saber que bebidas energéticas são produtos destinados somente a adultos, pois não há níveis seguros de uso das substâncias presentes nessas bebidas para crianças e adolescentes.
No entanto, segundo a agência de Saúde americana CDC (Centro de Controle de Doenças), cerca de metade dos adolescentes dos Estados Unidos relata fazer uso de energéticos — e o marketing de muitas marcas do produto mira exatamente nos estudantes de ensino médio e superior.
Entre os sintomas mais comuns apresentados após o consumo de bebidas energéticas estão ansiedade e incapacidade de dormir. Porém, segundo a doutora em ciência Nicola Williams, em artigo no site especializado News-Medical, a ingestão do produto por longos períodos pode levar a alterações comportamentais.
Segundo a especialista, a alta quantidade de cafeína nas bebidas energéticas faz mal, pois tem efeito diurético, levando à perda de líquido em forma de urina. Em altas doses, pode causar intoxicação, provocando náuseas, vômitos, palpitações cardíacas, pressão arterial elevada, convulsões e até psicose — podendo levar à morte nos casos mais extremos.
Algumas composições de energético levam ainda Panax Ginseng que, segundo Nicola, se consumido em excesso, pode levar a sangramento vaginal, diarreia, dor de cabeça intensa e síndrome de Stevens-Johnson (SJS) – um distúrbio raro e grave da pele e mucosas.
E ainda há a questão do açúcar: pesquisas da Universidade de Harvard descobriram que consumir bebidas com alto teor de açúcar de qualquer tipo pode levar ao ganho de peso e aumentar o risco de desenvolver diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e gota, além de problemas renais e dentários.
Energético faz mal com álcool?
A resposta curta é sim. Estudos sugerem que misturar álcool com energético leva à ingestão maior de álcool do que quando ele é consumido sozinho, devido ao aumento do estado de alerta causado pela ingestão do energético, que mascara os sinais de embriaguez — que, por sua vez, leva a crer que o indivíduo pode consumir ainda mais álcool.
Um estudo do Centro Nacional de Saúde Complementar e Integrativa (NIH), dos Estados Unidos, afirmou ainda que quem mistura álcool com bebidas energéticas é mais propenso a executar comportamentos perigosos, como sexo indesejado ou desprotegido, dirigir embriagado ou andar com um motorista embriagado e sofrer lesões relacionadas à ingestão de álcool.
Energético faz mal para o coração?
Um estudo publicado na revista da Associação Americana do Coração descobriu que as bebidas energéticas com cafeína alteram a atividade elétrica do coração e aumentam a pressão arterial.
A extensão dessas mudanças elétricas no coração é geralmente considerada leve, mas pessoas que tomam alguns medicamentos ou possuem certas doenças cardíacas podem ter um risco aumentado de sofrer arritmia fatal ou batimentos cardíacos irregulares, conforme afirmou o autor, Sachin Shah, à CNN Health.
O que os fabricantes de energético dizem?
Segundo a Associação Americana de Bebidas, as bebidas energéticas não fazem mal, pois muitos de seus ingredientes também são encontrados em alimentos comuns e foram rigorosamente estudados quanto à segurança. Eles afirmam que suas bebidas são apenas “suplementos dietéticos naturais”, sujeitos às regulamentações que se aplicam a produtos alimentícios.
Segundo a escola de Saúde Pública de Harvard, as bebidas energéticas podem representar um risco à saúde em grupos vulneráveis, incluindo crianças, adolescentes, mulheres grávidas e pessoas com condições médicas como diabetes e doenças cardiovasculares.
A instituição alerta que adultos que optem por consumir energéticos devem verificar o teor de cafeína no rótulo, evitar o consumo de altas doses (acima de 200 mg de cafeína) e o uso em conjunto com álcool.
É sempre bom lembrar que uma visita ao médico é essencial para consumir qualquer substância com segurança.
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