Se você se lembra das aulas de genética do ensino médio, deve recordar que o Ácido Desoxirribonucleico (DNA) é um manual de instruções, guardando uma receita codificada para cada um dos seres vivos. Composto por uma dupla hélice, formada por quatro bases que se correlacionam, esse armazenamento em DNA é uma ferramenta biológica para nossa existência e sobrevivência.
Na sopa de letrinhas do DNA, a adenina (A), guanina (G), citosina (C) e timina (T), se correlacionam formando trincas, chamadas de códons. Cada um desses códons guardas as informações genéticas para gerar um tipo de aminoácido, que pela sua união geram proteínas, e assim sucessivamente até termos um ser vivo em funcionamento.
São quatro as bases do DNAFonte: Shutterstock
De forma bastante análoga, os computadores funcionam através de um código, que chamamos de binário. Em sequencias de 0 e 1, as informações são codificadas, armazenadas e depois passam por um processo de leitura, para que você veja a tela desse jeitinho que te permite compreender os símbolos presentes nela.
Mas nesse sistema de armazenamento digital, as informações são gravadas em discos rígidos que têm baixa durabilidade e ocupam espaços muito grandes. O que dificulta a manutenção dessas informações. Mas e se fosse possível codificar informações digitais em fitas de DNA? Elas são duráveis, microscópicas e de fácil manutenção.
É possível guardar dados digitais em DNA?
Pensando nessas vantagens, uma colaboração entre pesquisadores do Los Alamos National Laboratory, desenvolveu uma tecnologia capaz de realizar o armazenamento e a leitura de dados em DNA. O Software chamado de Adaptive DNA Storage Codex (ADS Codex) é responsável por traduzir as sequências formadas pelas quatro bases de DNA, em código binário, para que os computadores sejam capazes de ler as informações, e vice-versa, indicando como os códigos binários podem ser transcritos em sequências de quatro letras.
As fitas de DNA são preparadas pelos próprios pesquisadores, formando as sequências de bases A, G, T, C desejadas com os dados a serem armazenados. Essas informações passarão por um processo de gravação e depois de leitura. Mas ainda há alguns entraves para que essa tecnologia seja completamente viável.
Cientistas encontraram uma forma de armazenar dados digitais em DNAFonte: Shutterstock
O tempo para “montagem” das fitas de DNA e processo de leitura ainda são muito demorados. Estima-se que para escrever um único arquivo, levaria anos! Outro problema é a ocorrência de erros durante a gravação dos dados. Ao contrário da forma atual, em que podemos verificar onde o erro ocorreu e corrigi-lo de forma rápida e simples, no sequenciamento de DNA o processo é mais difícil, sendo que todo o sequenciamento deve ser alterado, e a localização exata de onde ocorreu o erro é mais trabalhosa de ser identificada.
Mas os pesquisadores continuam na corrida por essa tecnologia que pode revolucionar a forma como pensamos e fazemos o armazenamento dos dados. No armazenamento em DNA, de acordo com os cientistas, bancos de dados enormes como o do Facebook, por exemplo, caberiam em metade de uma semente de papoula. Além do ganho em espaço, a manutenção desses dados é mais barata, gasta menos energia e é mais duradoura.
Basta aguardar para que a tecnologia e os novos métodos sejam eficazes o suficiente para que as gravações possam ser feitas de maneira mais assertiva, com a rápida identificação e correção dos erros, assim como para que o processamento de leitura seja mais rápido. Com isso teremos diversos ganhos, principalmente com relação ao armazenamento mais durável de informações e menor custo para sua manutenção.
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