No início de abril, uma equipe internacional de pesquisadores quebrou o silêncio reinante no importante campo de testes de novos medicamentos para a doença de Alzheimer (DA), após uma série de insucessos de grandes empresas farmacêuticas na busca de uma cura para essa forma de demência.
Em estudo inédito, publicado na revista científica Alzheimer's & Dementia: Translational Research & Clinical Interventions, cientistas da empresa de biotecnologia chamada Neuro-Bio testaram a capacidade de seu medicamento – NBP14 – para combater a neurodegeneração em um modelo de camundongo geneticamente modificado para simular a DA.
A hipótese do estudo, a mesma que tem impulsionado a maioria das pesquisas sobre DA, é de que essa neurodegeneração é o resultado do acúmulo anormal das proteínas Beta amiloide e TAU no cérebro. Dessa forma, o tratamento intranasal aplicado por seis semanas resultou em uma redução intensa desses marcadores nos camundongos testados que, após 14 semanas, mostraram desempenho cognitivo semelhante aos dos animais normais.
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A Neuro-Bio é uma startup de biotecnologia da Universidade de Oxford. (Fonte: Neuro-Bio/Divulgação.)Fonte: Neuro-Bio
A aposta da Neuro-Bio no NBP14 é de que esse fármaco antagonista consiga interceptar a ação de um químico cerebral chamado T14, apontado em pesquisas realizadas nas últimas duas décadas como responsável pelo crescimento celular inicial e pelo desenvolvimento normal do cérebro. Porém, se essa ação for indevidamente desencadeada na maturidade, torna-se tóxica, levando à DA.
Dessa forma, inativar o T14 pode funcionar como um potencial tratamento da DA, evitando o avanço do dano celular que ocorre a princípio nas células primárias vulneráveis nas camadas mais profundas do cérebro. Esse processo degenerativo poderia ser detectado e medido, segundo a Neuro-Bio, através de um exame de sangue ou biópsia de pele. Como não foram observados efeitos colaterais, a empresa pretende testar o medicamento nasal em humanos.
ARTIGO - Alzheimer's & Dementia: Translational Research & Clinical Interventions - DOI: 10.1002/trc2.12274.