Os antibióticos, hoje amplamente utilizados no combate de infecções bacterianas, tiveram a Penicilina como primeiro exemplar. Descoberta em 1928, foi utilizada pela primeira vez em humanos na década 1940.
Um pequeno descuido resultou em um dos mais incríveis avanços na medicina. Falando assim, parece que foi ao acaso a descoberta da Penicilina, mas já havia estudos com a bactéria Staphylococcus aureus a fim de compreender melhor o mecanismo de funcionamento desses organismos unicelulares, até então sem tratamento, responsáveis pela morte de centenas de pessoas.
Placa de Petri (Fonte: Shutterstock)
Ao retornar para o trabalho no St. Mary’s Hospital, em Londres, no ano de 1928, Alexander Fleming (1881-1955), médico bacteriologista escocês, observou que um fungo do tipo Penicillium havia crescido em uma de suas placas de Petri que estava destampada, e que as bactérias não cresceram ao redor do mofo. Realizou, então, experimentos com outros tipos de bactérias, classificando quais eram sensíveis ou não à Penicilina. Seus estudos sobre esse fenômeno foram publicados no British Journal of Experimental Pathology, em 1929, mas ainda sem relatar seu potencial de uso para tratamento médico.
Os primeiros a conseguirem isolar e purificar a Penicilina, foram Ernst B. Chain e Howard W. Florey, na Universidade de Oxford, na Inglaterra, em 1939, transformando a substância em um potencial medicamento. A primeira tentativa de tratamento foi realizada com Albert Alexander (43 anos na época) em 1941, que havia desenvolvido uma infecção por um acidente enquanto podava rosas. Mesmo obtendo sucesso em um primeiro momento, a produção do fungo e a fabricação do medicamento, era difícil, e sem disponibilidade suficiente para continuar o tratamento, Albert acabou falecendo.
Ainda em 1941, a pesquisa foi levada para os Estados Unidos por Howard Florey e Norman Heatley, onde com apoio do Departamento do Northern Regional Research Laboratory (NRRL), foi possível o desenvolvimento de técnicas para a produção em larga escala da Penicilina.
Universidade de Oxford, na Inglaterra, onde estudos com a penicilina foram realizados (Fonte: Shutterstock)Fonte: Shutterstock
O medicamento foi disponibilizado para a população a partir de 1945, e utilizado para o tratamento de doenças infecciosas causadas por diversos microrganismos. Também teve papel fundamental no tratamento dos soldados das tropas dos Estados Unidos e do Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial, diminuindo a mortalidade devido a infecções.
A Penicilina abriu caminho para que pudéssemos compreender a ação e utilidade dos antibióticos, que agem sobre as bactérias matando-as ou impedindo seu crescimento e desenvolvimento. Mas atualmente, o uso incorreto e indiscriminado desses medicamentos tem causado diversos problemas, como o aparecimento das bactérias super-resistentes.
As bactérias têm a capacidade de desenvolver genes que são resistentes a determinados tipos de antibióticos. Uma vez que esse gene esteja ativo, ela tem a capacidade de passar a informação genética à sua linhagem, o que gera um problema de saúde grave, com a necessidade do uso de antibióticos cada vez mais potentes.
O uso de antibióticos deve ser feito apenas com recomendação médica, obedecendo o tempo indicado.