Os alimentos transgênicos são aqueles produzidos a partir de plantas e animais geneticamente modificados. Esse trabalho é feito com técnicas de engenharia genética para criar espécies vegetais capazes de resistir a pragas e produzir mais alimentos.
Existem muitas pessoas que são contra o cultivo de espécies como essas, porque acreditam que seu consumo possa fazer mal à saúde.
Entretanto, já são mais de vinte anos desde que esses produtos chegaram às prateleiras dos supermercados e não existem provas científicas de que eles tenham consequência para o nosso corpo. Segundo a ciência, alimentos transgênicos não fazem mal.
O milho é umas das principais espécies transgênicas (Fonte: Pexels/Johann)Fonte: Pexels
A origem dos transgênicos
Desde a década de 1950 sabemos que o DNA contém o conjunto de instruções para o funcionamento do organismo dos seres vivos. Vinte anos depois os cientistas já eram capazes de manipular o código genético de algumas espécies. As primeiras sementes transgênicas foram liberadas em 1996, nos Estados Unidos, para uso comercial.
O Brasil embarcou logo depois, em 1998 e, desde 2003, é necessário que as empresas identifiquem um produto obtido a partir de mais de 1% de espécies transgênicas, como transparência para o consumidor.
Como são feitos?
As espécies geneticamente modificadas recebem genes provenientes de outros organismos. Essa alteração no DNA permite que a planta ou animal mostre características que não tinha antes.
Mas os cientistas estão longe de serem os primeiros humanos a selecionarem seres vivos mais resistentes. A nossa espécie, desde a invenção da agricultura - e talvez até mesmo antes - já escolhia os melhores vegetais em uma plantação para dar origem ao próximo plantio.
Como consequência disso, as espécies de animais e vegetais usadas na agropecuária hoje em dia nem sequer são parecidas aos seus equivalentes selvagens. Esse processo foi chamado de domesticação.
Alimentos geneticamente modificados prometem resolver alguns problemas da humanidade (Fonte: Pexels/Tim)Fonte: Pexels
Na natureza, entretanto, não é só o ser humano que faz isso. Existem até mesmo espécies de bactérias do solo (Agrobacterium tumefasciens) que transferem genes de maneira natural. Foi com ela, inclusive, que foram feitas as primeiras trocas genéticas em laboratório.
Hoje, porém, existem métodos muito mais avançados que esse. O mais popular, atualmente é a biobalística: os genes são bombardeados para dentro da planta, que irá incorporá-lo no seu material genético e se transformar em um transgênico.
O uso de organismos geneticamente modificados foi a resposta que a ciência deu para muitos problemas atuais que afetam a humanidade. Afinal, eles são mais resistentes a doenças e ao clima. Além disso, reduzem a necessidade do uso de agrotóxicos e aumentam a safra.
Onde eles são usados?
As técnicas de transgenia são muito mais comuns do que pensamos nos dias atuais. Elas são largamente usadas, em primeiro lugar, na agricultura. Aqui no país, inclusive, é muito importante na cultura de soja, principalmente.
Em 2017 eram mais de 50 milhões de hectares de terra dedicados ao plantio de alimentos transgênicos - área quase equivalente ao tamanha do estado da Bahia, e maior que a de países como Alemanha, Japão ou Paraguai.
Por isso, hoje o Brasil é o segundo maior produtor do mundo de alimentos modificados, atrás dos Estados Unidos, pioneiro da tecnologia. Em 2015 foi lançado aqui o primeiro organismo totalmente desenvolvido em terras tupiniquins, pela Embrapa.
A humanidade escolha há séculos os melhores vegetais para plantar (Fonte: Pixabay/congerdesign)Fonte: Pixabay
A medicina é outra área que avança com o uso da transgenia. Muitas vacinas são produzidas a partir de métodos que têm essa técnica como base, como aquelas que combatem a dengue e a hepatite B.
Além disso, existem diagnósticos e tratamentos baseados na modificação genética de plantas, animais e patógenos. A humanidade convive com transgênicos há duas décadas e até hoje não existem evidências que eles produzam malefícios para a saúde humana.
Verdadeiras polêmicas
Apesar disso, a transgenia está envolvida em outras polêmicas. A maior preocupação atual sobre o rápido avanço da cultura de organismos modificados está relacionada com o meio ambiente.
As sementes resistentes aos insetos, por exemplo, podem alterar o comportamento desses animais, que irão se deslocar para outras regiões em busca de alimentos. Isso pode causar um desequilíbrio ecológico imensurável, e ainda não temos ideia da a dimensão desses danos.
Existe ainda uma questão social muito latente: as sementes patenteadas não são economicamente acessíveis para médios e pequenos agricultores, principalmente aqueles de regiões mais pobres.
Ainda assim, o uso de alimentos transgênicos tem crescido e hoje estima-se que o aumento seja de 13% ao ano. Por isso, cada dia veremos mais esses alimentos nas prateleiras dos supermercados e no prato de almoço.