A Síndrome de Tourette é um problema de saúde caracterizado como uma doença neurológica. Ela faz com que o paciente realize atos impulsivos, frequentes e involuntários. Os tiques costumam surgir entre os 5 e 7 anos de idade.
Começam como movimentos simples, como piscar os olhos ou movimentar as mãos. Entretanto, principalmente na fase dos 8 aos 12, eles podem aumentar de intensidade e evoluir para o uso de palavras repetidas, movimentos bruscos e comportamentos como latir ou gritar.
As característica dessa enfermidade podem dificultar a socialização e trazer grandes consequências para a pessoa.
A Síndrome de Tourette pode atrapalhar a socialização de crianças e adolescentes (Fonte: Pexels/Guduru Ajay bhargav)Fonte: Pexels
Ao longo da vida, alguns pacientes podem suprimir os movimentos, enquanto outros não tem a mesma capacidade de controle, principalmente aqueles que estão passando por situações de estresse emocional.
Principais sintomas
É comum que os primeiros sintomas sejam observados pela família e por professores. Eles podem ser motores ou vocais. Alguns tiques são transitórios e duram apenas alguns meses, e outros são crônicos e duram por toda a vida. Se não forem controlados, eles podem evoluir e ficar mais complexos com o tempo.
Entre os tiques motores, alguns comportamentos comuns são piscar os olhos, inclinar a cabeça, encolher os ombros, tocar o nariz, fazer caretas, fazer gestos obscenos com as mãos, chutar, dar tapas e socos, bater no peito ou no queixo.
Já entre os vocais, pacientes podem xingar, soluçar, gritar, cuspir, fazer sons de animais, gemer, limpar a garganta (involuntariamente), repetir palavras ou frases ou alterar o tom de voz.
Os espasmos da Síndrome de Tourette são difíceis de controlar. Na maioria dos casos, eles surgem durante a infância e adolescência, mas até os 21 anos de idade o paciente ainda está sujeito ao aparecimento de novos tiques.
Durante o sono e atividades que exigem concentrações, os sintomas podem desaparecer. O mesmo acontece, em alguns casos, com o consumo de bebidas alcoólicas. Por outro lado, estresse, cansaço, ansiedade e excitação são condições que pioram o problema.
Causas e Diagnóstico
A síndrome tem causas genéticas e é mais frequente entre pessoas da mesma família. Não se sabe exatamente qual a origem do problema. Em alguns pacientes, é desencadeado por quadros de traumatismo craniano, infecções ou problemas cardíacos.
O diagnóstico da síndrome deve ser dado por um especialista, e exige muita observação. Isso porque em alguns quadros clínicos ela pode ser confundida com a esquizofrenia. O médico, portanto, tem que observar o padrão dos movimentos por pelo menos um ano, antes de diagnosticar a síndrome.
Não são necessário exames além desse, entretanto, exceto nos casos onde há suspeita de que outra doença neurológica semelhantes seja responsável pelo comportamento. Em casos raros, ela pode ser provocada pela vivência de um episódio traumatizante.
Existe tratamento?
Não existe cura para a Síndrome de Tourette. As opções de tratamento que existem hoje em dia têm o objetivo de aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente. A terapia sempre deve ser orientada e acompanhada por um neurologista.
Quando os tiques afetam de maneira prejudicial o cotidiano das pessoas ou colocam sua vida em risco, ela pode optar pelo uso de antipsicóticos como o haloperidol, pimozida ou aripiprazol.
Existe também um medicamento capaz de controlar tiques leves e moderados, o topiramato. Há tratamentos de injeção de botox que paralisa o movimento dos músculos mais afetados, nos casos de tiques repetitivos, e que podem ser aplicadas até mesmo na laringe.
Outra possibilidade é o uso de remédios inibidores da atividade dos receptores adrenérgicos, como o clonidina ou o guafancina. Eles ajudam o paciente a manter o controle da impulsividade.
É possível ter uma vida com Tourette?
O diagnóstico de Tourette não impede que o paciente tenha uma vida normal. Crianças diagnosticadas com a síndrome não precisam parar de estudar, por exemplo. A doença sequer afeta a capacidade de aprendizagem ou de raciocínio.
Um aluno que seja diagnosticado não precisa, portanto, de ensino especial ou apoio escolar. Por outro lado, é importante conversar com professores e com a coordenação da escola. A Síndrome de Tourette ainda é pouco conhecida e existem muitos estigmas acerca dela que devem ser esclarecidos.
Como o problema pode afetar a socialização, é importante também que a escola promova a conscientização para os colegas de turma e corpo discente de toda a escola.
Isso facilita que a criança enturme e evita o isolamento social, que pode acarretar em depressão. Além disso, o acompanhamento psicológico é recomendado para todos os pacientes, jovens ou adultos.