Um cientista da Academia Nacional de Ciências da Ucrânia, que pediu para permanecer anônimo por razões de segurança, fez uma séria denúncia à revista britânica New Scientist na terça-feira (8): as tropas russas que ocupam o complexo de Chernobyl, a 120 km da capital Kiev, estão impedindo que os funcionários da usina tenham acesso ao laboratório que monitora rotineiramente os níveis de radiação.
Um dos primeiros alvos da invasão russa à Ucrânia no dia 24 de fevereiro, devido à sua proximidade com a fronteira de Belarus, que permitiu a passagem das tropas de Vladimir Putin, a usina nuclear de Chernobyl ficou conhecida após a explosão de um reator em 1986, fato que se tornou uma das maiores tragédias do planeta.
Sala de controle de reator nuclear na zona de exclusão de Chernobyl
Reféns das tropas russas
Segundo o cientista, que escapou da instalação quando os russos entraram, os cientistas que monitoram cotidianamente os níveis de radiação do local não estão conseguindo acessar os seus laboratórios e instrumentos, pois os locais estão sob controle dos militares de Moscou.
O cientista explicou à New Scientist que sua equipe também conseguiu escapar da zona de exclusão, e que eles continuam a fazer os trabalhos de monitoração, porém de forma indireta, através de orientações e trocas de informações com o pessoal operacional, que permaneceu na usina nuclear.
No entanto, decorridas quase duas semanas da tomada de Chernobyl, essa equipe de 210 funcionários ainda não saiu para descansar. Isso tem preocupado o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi. Segundo o executivo argentino, a liberação desses funcionários é fundamental para que eles possam realizar seus trabalhos com segurança.
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