Um grupo de seis pesquisadoras descobriram éter dimetílico em um disco de formação planetária. Contendo nove átomos, essa é a maior molécula já encontrada pela humanidade em regiões como essa.
A descoberta é mais uma peça para que os cientistas desvendem o mistério do surgimento da vida. Ainda que seja pequena em relação a macromoléculas do nosso corpo — uma proteína pode ter mais de 500 mil átomos — o éter encontrado é um precursor importante para substância orgânicas maiores.
Éter dimetílico foi encontrado em disco protoplanetário, maior molécula já vista nessa região (Fonte: ESO/reprodução)Fonte: ESO
As pesquisadoras da Universidade de Leiden fizeram a descoberta utilizando o rádio-telescópio ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array), no Chile. Também foi identificado metanoato de metila, substância tão complexa quanto a outra.
O éter dimetílico já havia sido encontrado anteriormente em nuvens de poeira de formação estelar, mas nunca antes em um disco protoplanetário. Essas regiões são grandes aglomerados de material que sobra depois do nascimento das estrelas.
As substâncias estão no entorno de um novo sol que se formou na constelação de Ofiúco, a 444 anos-luz de nós, batizado Oph-IRS 48. Esse disco tem uma espécie de armadilha de poeira, que retém muitas partículas milimétricas. Elas se unem para formar grandes objetos, como cometas, asteroides e até mesmo planetas.
Origem da vida
Pesquisadores acreditam que moléculas orgânicas como essa surjam em ambientes frios. Nesses locais as mais simples se aderem a grãos de poeira e reagem entre si para dar origem a compostos mais complexos.
“O que torna tudo isto ainda mais excitante é que sabemos agora que substâncias maiores se encontram disponíveis para gerar planetas”, diz em nota Alice Booth, pesquisadora no Observatório de Leiden.
A descoberta sugere que outros compostos ainda maiores podem ser detectados nessas regiões, alguns dos quais são precursores de aminoácidos e açúcares, constituintes básicos da química da vida.
Estudar sua evolução e formação pode, portanto, ajudar na compreensão de como as moléculas pré-bióticas chegam até os planetas. "Esperamos, com mais observações, poder chegar mais perto de entender a origem delas em nosso próprio Sistema Solar”, diz Nienke van der Marel, também autora do artigo, em nota.
ARTIGO Astronomy and Astrophysics: doi.org/10.1051/0004-6361/202142981
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