Usando novas bactérias modificadas, pesquisadores foram capazes de reciclar gases poluentes emitidos na indústria, como o dióxido de carbono. Os microrganismos conseguiram produzir acetona e isopropanol no processo.
A tecnologia foi publicada na revista científica Nature Biotechnology. A descoberta pode ajudar indústrias a reduzirem suas emissões de poluentes ao permitir que eles sejam convertidos me produtos de valor comercial.
Bactérias modificadas foram capazes de converter gases industriais em produtos químicos como acetona (Fonte: Unplash/Marcin Jozwiak)Fonte: Unplash
Além disso, a fermentação microbiana é um método alternativo para a obtenção desses produtos. Tipicamente, eles são sintetizados a partir do petróleo ou do gás natural, combustíveis fósseis que causam grande dano ambiental ao planeta.
No trabalho, os pesquisadores usaram bactérias da espécie Clostridium autoethanogenum e fizeram modificações genéticas que possibilitaram que elas sintetizassem as substâncias de interesse, que não produzem normalmente.
Resultados demonstrativos
A acetona e o isopropanol foram substâncias escolhidas para demonstração da eficácia do processo. Esses produtos químicos são muito utilizados, e seu comércio movimenta mais de 10 bilhões de dólares anualmente.
Mas a técnica pode ser adaptada para produção de outras substâncias. Essa alternativa é muito útil, inclusive, para diversificar os meios de produção e reduzir a dependência por combustíveis fósseis, que estão se esgotando.
Esse tipo de abordagem é muito promissor e tem sido explorado cada vez mais por pesquisadores. A ideia em si não é nova: o ser humano usa bactérias há séculos para produção de alimentos como cerveja, iogurte e pão.
A maioria dos trabalhos, entretanto, está focada nos microrganismos que fermentam açúcares, que são mais comuns. Entretanto essa matéria-prima é cara e aumenta as emissões de dióxido de carbono.
No entanto, existem bactérias capaz de realizar a fermentação de gases, como a espécie usada na pesquisa. Dessa forma, ela faz o processo inverso e fixa carbono, ao invés de liberar, e, portanto, tem uma pegada de carbono negativa.
Os gases liberados pelas fábricas são, basicamente, lixo industrial. A existência de alternativas de uso como a criada pelo estudo é interessante porque valoriza essas substâncias. Se elas podem ser usadas como matéria-prima em outros processos, torna-se mais vantajoso para a empresa recuperar esse material e revender para quem tiver interesse em aproveitá-lo.
ARTIGO Nature Biotechnology: doi.org/10.1038/s41587-021-01195-w
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